domingo, maio 02, 2010

Mundo, vasto mundo

Mundo, vasto mundo
Merval Pereira - O Globo - 02/05/2010

 Classificar o Brasil como “a grande esperança do Ocidente” pode soar como uma peça publicitária do ufanismo que domina hoje o governo brasileiro, mas quem o faz é o sociólogo francês Alain Touraine, que conhece muito bem o país e sabe do que está falando. Ele fala do Estado brasileiro, não deste ou daquele governo. Não é de hoje que ele vê o Brasil como uma das grandes potências emergentes. Quando me disse isso em Córdoba, onde participou do seminário da Academia da Latinidade que, dentro da perspectiva de busca de diálogo entre culturas tratou do papel dos BRICs no contexto do novo mundo multipolar, não havia ainda a reportagem da revista “Time” colocando Lula entre as personalidades mais influentes do mundo, mas o presidente brasileiro já havia sido indicado por diversos órgãos europeus como um dos principais líderes do mundo. Mas já havia a crise econômica da comunidade européia, que marca, para Touraine, a decadência da região. Como os Estados Unidos estão vivendo problemas econômicos graves que devem persistir pelos próximos anos, dos países emergentes o Brasil é o único que representa os valores ocidentais. O s companheiros de BRICs são Rússia, Índia e China, e Touraine acha que, deles, só o Brasil tem condições de exercer o papel de ligação entre os países ricos e os pobres. A Índia poderia exercê-lo também, mas o Brasil tem presença política mais forte no cenário internacional, analisa Touraine.
Já o diretor do Instituto de Pluralismo Cultural da Universidade Candido Mendes, Enrique Larreta, acha que é preciso cuidado ao analisar o papel do Brasil no mundo “para não se cair no ufanismo”. Ele lembra que a América Latina não pesa no comércio mundial, ao contrário da China, e que a Europa tem economias tão poderosas quanto a da Alemanha, cujo PIB é maior do que o de toda a América Latina. Larreta diz que o Brasil não é ainda um poder mundial de peso, e sim “líder de uma região que ainda é pobre”. Uma atitude ufanista pode criar um problema grave com os vizinhos latino-americanos, ressalta Larreta, que relembra que o Itamaraty vem perdendo quase todas as disputas por cargos internacionais, não tem conseguido o apoio da América Latina devido ao temor de que o Brasil esteja contaminado pelo “chauvinismo da grande potência”. Ele cita a discussão sobre o programa nuclear do Irã, que vem tendo o apoio do Brasil a ponto de suscitar desconfianças na Argentina sobre a posição brasileira com relação à bomba atômica, justamente o que se procurou evitar ao assinar o acordo recíproco de fiscalização com a Argentina no governo Fernando Henrique Cardoso.
O sinólogo François Julien, um dos mais influentes da atualidade na Europa, acha que, se o Brasil não começar a estudar bem a China, vai ser engolido por ela. Ele diz que prefere o Brasil, onde tudo é aberto, e que na China você tem que interpretar tudo, é tudo voltado para o interior. Mas isso não o impede de constatar que a China é um país disposto a explorar “sua situação potencial” de maneira pragmática, no dia a dia, sem grandes projetos de futuro que não sejam aumentar sua capacidade de tirar partido de fatores favoráveis para “aumentar sua força e sua posição no ranking das nações”.
Ao mesmo tempo, Larreta chama a atenção para a atuação internacional dos chineses, que seria tão mais discreta quanto mais efetiva. A presença deles no Conselho de Segurança da ONU tem um perfil muito baixo, analisa Larreta, em comparação com um país que tem atuação com perfil mais alto como a França, “porque tem pouco peso específico”. Para Larreta, os chineses têm uma política pragmática, com objetivos específicos ao que consideram os interesses nacionais, “mas até isso está mudando”. Hoje já não apóiam com tanta força a ditadura de Burma, por exemplo, porque estão constatando que o mundo não gosta. Outro fenômeno novo destacado por Larreta é que a política exterior tem importância na legitimação interna dos governantes, o que se constata tanto na China quanto no Brasil, onde o prestígio internacional do presidente Lula é explorado pelo governo e deve virar tema da campanha presidencial de sua sucessão. Larreta diz que na China há uma camada de classe média emergente que está ganhando dinheiro e não se incomoda muito com direitos humanos, mas gosta do prestígio internacional do seu país.
Aqui no Brasil, o episódio da revista “Time” é exemplar de como o governo e seu partido tiram proveito do prestígio internacional de Lula ao ponto de aumentá-lo com objetivos políticos, como ao tentar vender a ideia de que ele fora eleito o político mais influente do mundo, à frente do presidente dos Estados Unidos Barack Obama ou dos primeiros ministros japonês Yukio Hatoyama, ou indiano Manmoha Singh.
Essa atitude provinciana torna-se ridícula quando o chanceler Celso Amorim é apanhado tentando fingir naturalidade diante da escolha — “E isso é novidade para você?” reagiu com desdém à primeira informação de que Lula fora escolhido o líder mais influente do mundo —, ainda mais quando se sabe que o perfil de Lula saiu com mais destaque na edição da revista por causa do texto do cineasta americano Michael Moore, e não por qualquer feito do “nosso guia”.
Da mesma maneira, quando se sabe que o economista Jim O’Neill do banco americano Goldman Sachs criou a figura dos BRICs em 2001, antes portanto de Lula ter chegado ao poder, percebe-se o que o sociólogo francês Alain Touraine quer dizer quando afirma que o processo de amadurecimento do Brasil como nação é de longa data e tem sucesso, inclusive internacional, justamente pela continuidade de políticas econômicas e sociais.

O significado das doenças!!!

O significado das doenças!!!
Segundo a psicóloga Americana Louise L. Hay, todas as doenças que temos são criadas por nós. Afirma ela, que somos 100% responsáveis por tudo de ruim que acontece no nosso organismo.Todas as doenças têm origem num estado de não-perdão, diz a psicóloga Americana Louise L. Hay. Sempre que estamos doentes, necessitamos descobrir a quem precisamos perdoar. Quando estamos empacados num certo ponto, significa que precisamos perdoar mais. Pesar, tristeza, raiva e vingança são sentimentos que vieram de um espaço onde não houve perdão. Perdoar dissolve o ressentimento. A seguir, você vai conhecer uma relação de algumas doenças e suas prováveis causas, elaboradas pela psicóloga Louise. Reflita, vale a pena tentar evitá-las:
DOENÇAS/CAUSAS:

AMIDALITE: Emoções reprimidas, criatividade sufocada.
ANOREXIA: Ódio ao externo de si mesmo.
APENDICITE: Medo da vida. Bloqueio do fluxo do que é bom.
ARTERIOSCLEROSE: Resistência. Recusa em ver o bem.
ARTRITE: Crítica conservada por longo tempo.
ASMA: Sentimento contido, choro reprimido.
BRONQUITE: Ambiente familiar inflamado. Gritos, discussões.
CÂNCER: Mágoa profunda, tristezas mantidas por muito tempo.
COLESTEROL: Medo de aceitar a alegria.
DERRAME: Resistência. Rejeição à vida.
DIABETES: Tristeza profunda.
DIARRÉIA: Medo, rejeição, fuga.
DOR DE CABEÇA: Autocrítica, falta de autovalorização.
DOR NOS JOELHOS: medo de recomeçar, medo de seguir em frente. Pessoas que procuram se apoiar nos outros.
ENXAQUECA: Raiva reprimida.. Pessoa perfeccionista.
FIBROMAS: Alimentar mágoas causadas pelo parceiro(a).
FRIGIDEZ: Medo. Negação do prazer.
GASTRITE: Incerteza profunda. Sensação de condenação.
HEMORRÓIDAS: Medo de prazos determinados. Raiva do passado.
HEPATITE: Raiva, ódio. Resistência a mudanças.
INSÔNIA: Medo, culpa.
LABIRINTITE: Medo de não estar no controle.
MENINGITE: Tumulto interior. Falta de apoio.
NÓDULOS: Ressentimento, frustração. Ego ferido.
PELE (ACNE): Individualidade ameaçada. Não aceitar a si mesmo.
PNEUMONIA: Desespero. Cansaço da vida.
PRESSÃO ALTA: Problema emocional duradouro não resolvido.
PRESSÃO BAIXA: Falta de amor quando criança. Derrotismo.
PRISÃO DE VENTRE: Preso ao passado. Medo de não ter dinheiro suficiente.
PULMÕES: Medo de absorver a vida.
QUISTOS: Alimentar mágoa. Falsa evolução.
RESFRIADOS: Confusão mental, desordem, mágoas.
REUMATISMO: Sentir-se vitima. Falta de amor. Amargura.
RINITE ALÉRGICA: Congestão emocional. Culpa, crença em perseguição.
RINS: medo da crítica, do fracasso, desapontamento.
SINUSITE: Irritação com pessoa próxima.
TIREÓIDE: Humilhação.
TUMORES: Alimentar mágoas.. Acumular remorsos.
ÚLCERAS: Medo. Crença de não ser bom o bastante.
VARIZES: Desencorajamento. Sentir-se sobrecarregado.

Curioso não? Por isso vamos tomar cuidado com os nossos sentimentos. Principalmente daqueles, que escondemos de nós mesmos.
Quem esconde os sentimentos, retarda o crescimento da Alma.
Remédios indicados: Autoestima, Perdão, Amor

Slide Show: Henri Cartier-Bresson, Genius no Trabalho | A revisão de New York de livros

Slide Show: Henri Cartier-Bresson, Genius no Trabalho | A revisão de New York de livros

Opinião: A função dos pais é ajudar o filho a se constituir como pessoa

Opinião: A função dos pais é ajudar o filho a se constituir como pessoa
Para uns, os filhos fazem tudo certo, para outros, fazem tudo errado.
Ambas atitudes colaboram pouco para o desenvolvimento da criança.
Ana Cássia Maturano Especial para o G1, em São Paulo
O nascimento de uma criança representa a concretização de um milagre. Por mais que se saiba de todo o funcionamento biológico da reprodução, parece incrível que aquele ser se desenvolveu no ventre de sua mãe.
Milagres são obras de uma divindade, o que nos remete à ideia de perfeição. É o que muitos pais pensam ou esperam de seus filhos – que sejam perfeitos.
Entre os que desejam isso, existem pais que não conseguem reconhecer nada do que os filhos fazem. Qualquer coisa poderia ser melhor, mesmo que tenham feito algo muito bom.
Boicotam seus filhos naquilo que são ou fazem. Consideram que admitir seus pontos positivos, poderia fazer com que não se esforçassem mais. Mas com tanto esforço e poucos resultados, há grandes chances de seus filhos se tornarem pessoas inseguras, exigentes e frustradas consigo mesmas.
Há aqueles, no entanto, cujos filhos são a tradução dos seres mais primorosos que existem. Tudo o que fazem é ótimo. Se o filho apresenta algum comportamento diferente, no máximo, acham graça. Se algo lhes acontece, é culpa do mundo, eles foram apenas vítimas. Se vão mal na escola, é ela que não é boa. Só arrumam desculpas para aquilo que dizem, o contrário do que pensam.
Ambas atitudes colaboram pouco para o bem-estar e para o desenvolvimento das crianças, revelando a cegueira dos pais, que os impede de ver os verdadeiros filhos que têm. Enquanto um enxerga de maneira deformada, o outro apenas vê aquilo que quer, e pode.
Elogios
Quando uma pessoa nunca é reconhecida por aquilo que faz, por melhor que seja o produto, ela deixa de ter um parâmetro para avaliar o resultado de suas ações. Isso se dá inicialmente através do outro. A medida que cresce, essa capacidade de dar um valor para as coisas é internalizada. O outro não é mais tão necessário (sempre precisamos de elogios) para termos certeza de nossas ações.
Isso envolve o desenvolvimento da capacidade de aceitar seus próprios erros ou resultados não muito bons. Mesmo que eles existam, há espaço para o triunfo e para a satisfação.
Por sua vez, aqueles que não conseguem ver nada além da divindade que é seu filho, provavelmente negam seu lado humano e real. Esquecem de circunscrevê-lo, impedindo-o de ter a noção de quem realmente é. Algo que provavelmente seus pais também não sabem, apenas o imaginam de acordo com seus desejos.
Assim, ficam impedidos de ouvirem os filhos em suas necessidades. Se uma criança vai  mal na escola, realmente pode ser uma falta de adaptação àquele tipo de instituição. Porém, outras possibilidades têm que ser consideradas, como uma dificuldade de aprendizagem, por exemplo. Algo que um pai só poderá se dar conta se não ficar negando a humanidade de seu descendente e tudo o que a envolve. Afinal, uma divindade jamais teria problemas para aprender.
Um filho tem que ser olhado como ele realmente é. No que é bom e em que precisa de ajuda. A função de um pai e de uma mãe é ajudá-lo a se constituir como pessoa – real e humana, para que ele possa ser e se reconhecer.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

Yann Tiersen - Le Train

Drogas e desvalorização do professor explicam violência nas escolas, diz antropóloga

Drogas e desvalorização do professor explicam violência nas escolas, diz antropóloga
Cultura jovem está cada vez mais desafiadora, avalia especialista
Da Agência Brasil
A antropóloga Alba Zaluar, coordenadora do Núcleo de Pesquisas das Violências da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), avalia que o comportamento desrespeitoso de alunos em relação aos professores nas escolas públicas do Rio de Janeiro é consequência da desvalorização da profissão.  Segundo ela, as situações de uso da ironia, de desacato e de agressões verbais, às vezes físicas, também têm ligação com uma mudança na cultura jovem, que, com o passar dos anos, está cada vez mais desafiadora.  – Estamos vivendo uma crise das figuras de autoridades.  Para a pesquisadora, que atua nas áreas de antropologia urbana e da violência, o problema pode estar relacionado também à aproximação do tráfico de drogas das escolas. Os conflitos de quadrilhas são levados para dentro dos colégios, incitando, assim, as rivalidades diante dos professores que, por sua vez, não conseguem mais exercer a autoridade com os jovens.  Alba Zaluar criticou a falta de estatísticas oficiais para subsidiar o trabalho dos pesquisadores.  – Não temos como acompanhar se está realmente havendo um aumento dos casos de violência nas escolas porque o Poder Público não nos oferece dados oficiais.

Curso ensina professor a lidar com violência em aula

Destinado a professores, primeira turma começa nesta segunda-feira
A questão da violência nas escolas é tão preocupante que o MEC (Ministério da Educação), em parceria com o Claves (Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Carelli), da Fundação Oswaldo Cruz, criou um curso de atualização destinado a professores da rede pública para o enfrentamento da violência e defesa dos direitos na escola.
O curso é destinado a professores, e a primeira turma, que começa na amanhã desta segunda-feira (3), terá 700 profissionais do Rio de Janeiro e de mais 35 municípios fluminenses. Serão três meses de aulas presenciais e a distância, cujo conteúdo tem o objetivo de dar um suporte ao professor para que ele saiba identificar e prevenir possíveis casos de violência em sala de aula, no pátio ou nos corredores da escola. 
A coordenadora-geral de Direitos Humanos do ministério, Rosiléa Maria Roldi Wille explicou a importância do curso.
– O MEC está se manifestando pela realidade do Rio de Janeiro e também de outros municípios fluminenses, e essa experiência é importante porque muitos professores não sabem como trabalhar nesse contexto da violência, que muitas vezes os alunos trazem de casa e que acaba refletindo no aprendizado deles. Vamos envolver outras secretarias, como a de Assistência Social e Trabalho, para traçar uma estratégia de formação de profissionais de educação e também de material didático para lidar com essa realidade.
Segundo ela, a partir desse curso, o MEC pretende criar uma rede de proteção à criança e ao adolescente nas escolas, envolvendo os conselhos tutelares e os próprios professores. 
– Eles [os professores] passam várias horas ao lado das crianças e adolescentes e essa aproximação lhes permite identificar os problemas dos alunos e as situações de violação de seus direitos.
A pesquisadora Joviani Avanci, do Claves, que é uma das coordenadoras do curso, afirmou que o tema violência nas escolas ainda é pouco estudado porque não há estatísticas disponíveis para o trabalho, mas que a realização desse curso vai permitir o desenvolvimento de ações na área.
– A gente busca discutir soluções para dar subsídio ao professor de forma que ele possa prevenir a violência e também saber como agir quando ela estiver acontecendo.
Em agosto, a Fundação Oswaldo Cruz vai lançar edital para mais sete ou oito turmas do mesmo curso.

Condição de entrega, por Martha Medeiros

Condição de entrega

Martha Medeiros

Mesmo havendo amor e desejo, muitas relações não se sustentam
Acaba de ser revelado o que uma mulher quer e que Freud nunca descobriu. Ela quer uma relação amorosa equilibrada onde haja romance, surpresa, renovação, confiança, proteção e, sobretudo, condições de entrega. É com essa frase objetiva e certeira que Ney Amaral abre seu livroCartas a uma Mulher Carente, um texto suave que corria o risco de soar meio paternalista, como sugeria o título, mas não. É apenas suave.
Romance, surpresa etc, não chegam a ser novidade em termos de pré-requisitos para um amor ideal, supondo que amor ideal exista, mas "condição de entrega" me fez erguer o músculo que fica bem em cima da sobrancelha, aquele que faz com que a gente ganhe um ar intrigado, como se tivesse escutado pela primeira vez algo que merece mais atenção.
Mesmo havendo amor e desejo, muitas relações não se sustentam, e fica a pergunta atazanando dentro: por quê? O casal se gosta tanto, o que os impede de manter uma relação estável, divertida e sem tanta neura?
Condição de entrega: se não existir, a relação tampouco existirá pra valer. Será apenas um simulacro, uma tentativa, uma insistência.
Essa condição de entrega vai além da confiança. Você pode ter certeza de que ele é uma pessoa honesta, de que falou a verdade sobre aquele sábado em que não atendeu ao telefone, de que ele realmente chegará na hora que combinou. Mas isso não é tudo. Pra ser mais incômoda: isso não é nada.
A condição de entrega se dá quando não há competitividade, quando o casal não disputa a razão, quando as conversas não têm como fim celebrar a vitória de um sobre o outro. A condição de entrega se dá quando ambos jogam no mesmo time, apenas com estilos diferentes. Um pode ser mais rápido, outro mais lento, um mais aberto, outro mais fechado: posições opostas, mas vestem a mesma camisa.
A condição de entrega se dá quando se sabe que não haverá julgamento sumário. Diga o que disser, o outro não usará suas palavras contra você. Ele pode não concordar com suas ideias, mas jamais desconfiará da sua integridade, não debochará da sua conduta e não rirá do que não for engraçado.
É quando você não precisa fingir que não pensa o que, no fundo, pensa. Nem fingir que não sente o que, na verdade, sente.
Havendo condição de entrega, então, a relação durará para sempre? Sei lá. Pode acabar. Talvez vá. Mas acabará porque o desejo minguou, o amor virou amizade, os dois se distanciaram, algo por aí. Enquanto juntos, houve entrega. Nenhum dos dois sonegou uma parte de si.
Quando não há condição de entrega, pode-se arrastar, prolongar, tentar um amor pra sempre. Mas era você mesmo que estava nessa relação?
Condição de entrega é dar um triplo mortal intuindo que há uma rede lá embaixo, mesmo que todos saibamos que não existe rede pro amor. Mas a sensação da existência dela basta.

A NOVA PALETA AMERICANA

A NOVA PALETA AMERICANA
EDITORIAL - O ESTADO DE S. PAULO - 2/5/2010
No último dia 23, a governadora republicana do Arizona, Jan Brewer, promulgou uma xenófoba lei de iniciativa de seus correligionários. Ela torna a imigração ilegal crime no Estado, autoriza a polícia a exigir de quem quer que seja, a qualquer momento, documentos que atestem a sua condição e determina sumariamente a prisão dos sem-papéis. Para os críticos, o texto transforma em "estado policial" o Arizona, onde 30% dos 6,5 milhões de habitantes são hispânicos e se calcula que os indocumentados, a maioria de origem mexicana, somem 460 mil. O presidente Barack Obama disse que a lei "foi mal concebida e mal encaminhada". O Departamento de Justiça poderá arguir a sua inconstitucionalidade.
O ultraje deu nova urgência à reforma migratória entalada no Capitólio desde os anos Bush e mantida no limbo por Obama enquanto tentava reformar o sistema de saúde pública. O caso também atraiu a atenção por surgir semanas depois da realização do Censo Decenal Americano, cujos resultados devem comprovar que se acelera o "amorenamento" do país. Calcula-se que, por força da revolução demográfica em curso, em 2040 os Estados Unidos deixarão de ser uma nação de maioria "branca de olhos azuis", como diria o presidente Lula. Isso já é realidade no Texas, Califórnia, Havaí e Novo México. Nos dois primeiros, os latinos respondem por cerca de 60% do aumento populacional ao longo dos últimos 10 anos - e 50% no país inteiro.
Ao que se espera do Censo, tais "Estados de minoria-majoritária", como são chamados, poderão ultrapassar uma dezena. Devido ao novo balanço demográfico, alguns deles, como o Texas e talvez a Flórida, além de 6 outros, ganharão até 4 novas cadeiras no Congresso, em detrimento de 11 Estados que perderam população, entre eles Massachusetts, Nova York e New Jersey. Impossível subestimar os efeitos políticos dessa tendência - principalmente se a ela corresponder um aumento comensurável do eleitorado hispânico. Os latinos representam 15% dos atuais 307 milhões de americanos (e serão 30% do total em 2050), mas a sua participação eleitoral nesse país de voto facultativo foi de apenas 50% no último pleito presidencial, ante 66% dos brancos. 
Politicamente, são três os principais efeitos dos censos. Além de alterar a composição das bancadas na Câmara dos Representantes e no colegiado que elege o presidente da República, servem para o redesenho dos distritos eleitorais em cada Estado - ou, dizem os cínicos, para que democratas e republicanos conservem os seus respectivos redutos. Por fim, como no Brasil, é com base no Censo que o governo federal redistribui recursos aos Estados e municípios. Nas unidades onde rivalizam com a tradicional maioria branca não-hispânica, as minorias, participando mais ativamente do processo político, poderão pressionar por parcela crescente dos recursos. No Texas, que até agora só elegeu 3 prefeitos latinos em San Antonio, a principal cidade americana onde são maioria, e que poderá eleger o seu primeiro governador hispânico em 2016, se não em 2012, as instituições públicas estaduais "foram todas criadas por anglos para anglos", diz o sociólogo Stephen Klineberg, da Universidade Rice, em Houston. "Isso terá de mudar." Será a "reconquista pacífica" de que falam os imigrantes mexicanos e seus descendentes, referindo-se à anexação do território, pelos Estados Unidos, em 1836. 
A propósito, um levantamento do Escritório do Censo, divulgado esta semana, mostra que, no período de 27 anos terminado em 2007, a parcela da população do país que fala espanhol em casa aumentou 211% - 6 vezes mais do que no caso da língua inglesa. A hispanização dos EUA arrepia a direita americana e insufla o que já se chamou "nativismo histérico". Isso inclui desde as ações dos vigilantes - milícias de caça a imigrantes ilegais nas regiões de fronteira com o México - à feroz legislação que acaba de ser adotada contra eles no Arizona. Ainda que todos se evaporassem, porém, a revolução demográfica prosseguiria, mudando a paleta da sociedade americana. 

Nova súmula do STJ trata do regime prisional

Nova súmula do STJ trata do regime prisional
Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. Essa é a orientação da Súmula 440, editada pela 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça O relator é o ministro Felix Fischer.
O precedente mais antigo que embasou a nova súmula é da 6ª Turma do STJ. Em junho de 2004, ao analisar o habeas corpus de um condenado a quatro anos de reclusão, no regime fechado, pelo crime de roubo, os ministros entenderam que o réu fazia jus ao cumprimento da pena em regime semiaberto, conforme o artigo 33, parágrafo 2º, b, do Código Penal.
Para o então relator do habeas corpus, ministro Nilson Naves, a imposição do regime prisional mais severo fundamentou-se tão somente na presunção de periculosidade do acusado, em face da perpetração do crime, e na gravidade abstrata do delito. “Está, assim, configurado o constrangimento ilegal apontado na impetração”, afirmou o ministro.
Em outro caso, foi impetrado habeas corpus em favor de condenado à pena de cinco anos e seis meses de reclusão, em regime fechado, pela prática do crime de roubo duplamente circunstanciado. A sua defesa sustentou constrangimento ilegal em razão da majoração exacerbada da pena em 3/8, na terceira fase da dosimetria da pena, sem qualquer fundamentação. Alegou, ainda, ser inadequado o regime fechado mantido pelo tribunal estadual, fundamentado na gravidade abstrata do crime.
Os ministros da Quinta Turma, seguindo o entendimento do relator, ministro Jorge Mussi, destacaram que tanto o STJ quanto o Supremo Tribunal Federal já estabeleceram, em inúmeros precedentes, que, fixada a pena-base no mínimo legal e reconhecidas as circunstâncias judiciais favoráveis ao réu, é incabível o regime prisional mais gravoso. Com informações da Assessoria de Imprensa do Superior de Justiça.
FOTO:Centro de Detenção Provisória de Maringá

AROEIRA


DESFAVELIZAÇÃO SEM PRECONCEITOS

DESFAVELIZAÇÃO SEM PRECONCEITOS
EDITORIAL - O GLOBO - 2/5/2010
A prefeitura do Rio e o governo do Estado procuraram agir rapidamente e, pelo menos nas ações de curto prazo, parecem ter dado respostas eficazes aos problemas que emergiram da enchente do início de abril, como a retirada imediata de moradores de áreas de risco. O governador Sérgio Cabral anunciou a criação de um plano diretor com tal objetivo, colocando R$ 1 bilhão à disposição de prefeitos fluminenses que se disponham a vencer o preconceito contra remoções, e desejem implementar programas de proteção de famílias cujas casas estejam sob ameaça. Há alvos emergenciais para tal programa: o Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, e a área do Laboriaux, na Rocinha, onde perderam-se vidas e outras permanecem em perigo. Já o prefeito Eduardo Paes, nas semanas seguintes às chuvas, acenou com a construção de um conjunto habitacional com 170 prédios em Triagem, para reassentar moradores de favelas da Zona Sul.
Foram movimentos importantes diante de exigências pontuais, mas que não dão conta da essência do problema das ocupações desordenadas no Rio.
Esta exige ações mais amplas, estruturais, com a adoção de um programa de desfavelização que, ao mesmo tempo, retire moradores de áreas degradadas pela própria ocupação e lhes ofereça condições dignas de recomeçar a vida em locais dotados de infraestrutura urbana, como rede de transporte barato e eficiente, água, luz e telefone, além de serviços do poder público.
São medidas que exigem planificação, mas, sobretudo vontade política. As favelas, defendidas por xamãs do oportunismo supostamente ideológico como alternativas a déficits habitacionais, na verdade se transformaram em redutos onde florescem interesses eleitoreiros e o clientelismo. E onde, sob a leniência do poder público, cresce a cada dia o número daqueles que vivem em condições de vida inaceitáveis, não poucas vezes à mercê de desastres naturais — como as chuvas e os deslizamentos — que os deixam sob permanente risco.
Faltou até aqui vontade política para implementar a desfavelização, e não se pode dizer que por inexistência de espaços onde reassentar os moradores. Um estudo do Sindicato da Construção Civil do Rio, por exemplo, mostra que há grandes áreas ao longo da Avenida Brasil — logo, em região servida por grande rede de transportes e infraestrutura urbana — onde poderiam ser construídos bairros populares. Outros levantamentos certamente apontariam locais para o reassentamento de famílias retiradas dos morros para viver em melhores condições de habitabilidade.
Tais ações pressupõem a adoção em conjunto de projetos que aperfeiçoem o sistema de transportes, essencial para o acesso dos moradores dessas novas áreas aos locais de trabalho. Entre as medidas, a instituição do bilhete único em moldes que realmente beneficiem os usuários — ele precisa ser no mínimo igual ao de São Paulo, e valer para trem, metrô e barcas — a metrolização da via férrea e uma acentuada melhoria dos serviços do metrô. Planejar a desfavelização é condição essencial para evitar que novas tragédias enlutem famílias e, igualmente importante, para assegurar melhores condições de vida a uma parcela da população que historicamente só costuma ser lembrada pelo poder público na hora de chorar os mortos. 

Charge de Sponholz


O enigma das UPPS: um texto-teste de João Ximenes Braga

Marque uma das opções abaixo (ou crie uma de punho próprio, na caixa de comentários do blog) para responder à pergunta: por que está tão fácil expulsar o tráfico dos morros do Rio?    Texto (e teste) de João Ximenes Braga
"Um escoteiro no Morro da Formiga seria mais do que suficiente”, disse o tenente-coronel Fernando Príncipe, comandante do 6°BPM, sobre a chegada das UPPs à Tijuca. O governador criticou a declaração e Príncipe foi transferido, mas, para quem acompanhava de longe, ele parecia estar certo: a ocupação de sete morros de notória violência se passou sem um tiro. Tivesse chegado esta semana de Alfa Centauro, eu leria tal notícia com êxtase. Tendo atravessado as últimas quatro décadas no Rio de Janeiro, achei sensacional, mas estranho. Muito estranho. Todo esse tempo fui levado a crer, tanto pelos meus próprios olhos quanto por declarações de comandantes da polícia e governantes, que o armamento nas favelas mais perigosas vinha num crescendo tal que o “poder paralelo” já alcançara a superioridade na “guerra civil” carioca. Uma semana denunciavam que traficantes passavam por treinamento de guerrilha com as Farc, na outra um helicóptero era derrubado à vista de todos, ou apreendiam armas de uso exclusivo do Bruce Willis. Ou um especialista em alguma coisa dizia que a complexa topografia dos morros e o apoio da população local tornava os bandidos inatingíveis. O grande tabu, a grande guerra, a grande impossibilidade, era existir polícia no morro. E eis que, de repente, a gente descobre que um escoteiro daria conta? Como do escotismo só conheço Huguinho, Zezinho e Luisinho, penso em outras possibilidades para nos recompor da surpresa.
(A)  Nunca antes foi possível fazer nada, mas agora Bangu 1 decidiu abrir caminho pacificamente por ter um fraco pela ginástica olímpica. Os chefões não queriam correr risco de o COI retirar os jogos de 2016 do Rio e perder a chance de ver ao vivo a prova de cavalo com alças. Ademais, como bons cariocas, nada os preocupa mais que a imagem da cidade no exterior. Essa é uma hipótese polêmica, eu sei. Sempre vai ter alguém para contestar e dizer que, na verdade, a galera do Comando Vermelho acompanha mesmo é o badminton.
(B)  Sempre foi possível haver segurança nas favelas, mas nunca ocorreu a um governador pedir tal favor aos escoteiros — nem à polícia. E por que não? Já ouvi teorias conspiratórias em mesa de bar sobre o governador Fulano ter pacto firmado com o traficante Beltrano, ou que o governador Sicrano não agia para não perder votos nos morros. Não creio, políticos cariocas e fluminenses têm caráter impoluto, acho que são só distraídos. A vida é tão corrida, né? Ainda mais a deles, que, ano sim, ano não, vivem ocupadíssimos com eleições. Como achar tempo para organizar uma força policial e mostrar presença do Estado nas favelas? Uma vez que isso se mostra possível, porém, não custa chamar nossos ex-governadores a explicar por que não tentaram algo tão óbvio antes. Centenas de vidas de moradores do asfalto, e sobretudo do morro, teriam sido poupadas se tudo
houvesse começado há quatro, oito, doze, 40 anos… Por que não uma CPI para desvendar esse mistério? Essa resposta eu sei! Porque dependeria da Alerj.
(C)  Nunca antes foi possível agir contra o poder paralelo, e continua não sendo, está bom demais para ser verdade e aí tem coisa. Em ano eleitoral, novas teorias conspiratórias surgirão, algumas serão espalhadas com dolo, outras espontaneamente. E as teorias paranóicas continuarão por muito tempo: os bandidos estão se reaparelhando para contra-atacar, a violência ficará mais
dispersa ou apenas mudará de região. Estas são as hipóteses apocalípticas e pessimistas, mas como evitá-las? A ocupação do Borel foi anunciada e muitos cariocas, como eu, passaram o dia preocupados, buscando notícias sobre o número de mortos - e não houve um só tiro. Um roteirista de filme de guerra não ousaria tal reversão de expectativa, a plateia acharia inverossímil, estranho. E Sérgio Cabral, com suas declarações vagas sobre a meia dúzia de líderes do tráfico que simplesmente deixou a comunidade antes da ocupação, não ajuda a minimizar o estranhamento.
(D)  Nunca antes foi possível, mas agora é. Em parte porque há um alinhamento de egos nos governos federal, estadual e municipal; todos interessados em fazer bonito diante da Copa e das Olimpíadas. E em parte porque, independentemente da inoperância vil de seus antecessores, essa ação precisava ser amadurecida por todos nós. Até bem pouco tempo, seguíamos nossa tradição colonialista e escravocrata de ignorar parte da população que crescia sem qualquer atenção do Estado. A preocupação do asfalto com o morro é recente, surgiu e cresceu quando um passou a incomodar o outro. Ao mesmo tempo, a violência nas favelas ficou tão grave que os bandidos foram perdendo o apoio dos moradores. A sociedade, (quase) toda ela, finalmente entendeu que não há segurança para um enquanto não houver para todos, e o mesmo há que se dizer de educação e saúde. É o primeiro passo para que possamos viver numa cidade mais igualitária e pacífica. Esta é a hipótese otimista e utópica, mas como evitá-la na cidade de São Jorge e São Sebastião?
(E)  Nunca houve problema de violência ou poder paralelo no Rio, nada, nem uma bala perdida. Tudo invenção da mídia para favorecer São Paulo. Como não dava mais para sustentar esse teatro, criou-se outro para desfazer o anterior. Instaladas UPPs em todos os morros, a mídia vai começar a divulgar que o samba nasceu em São Paulo. 

Sujeitinho inconveniente!


A igreja 'evangélica' e as eleições políticas

A igreja 'evangélica' e as eleições políticas
Por Carlos Lima
As eleições estão às portas, e não demora as hienas ávidas por poder saem de seus covis em busca da carniça humana, já putrefata de tanta inércia do pensar. Tadinho do meu povo. É apenas uma vítima do ardil competentíssimo dos que presidiram anos e anos, instaurando a obrigatoriedade da ignorância. Parabéns, Vossa Excelência foi um sucesso nessa empreitada! Queria falar algo nessas símplices linhas sobre a fenomenologia nauseante que é o envolvimento da 'igreja' nesse carnaval luciferiano, orgulhoso e pavonístico até o pó do osso. Não raro você verá, como já viu, as Dilmas numa quinta no culto evangélico e numa sexta rezando aos orixás, acendendo velas pra todos os santos. Justo eles que, quando lhes interessa, dizem que o estado é laico.

Diga-me uma coisa:
Você entregaria a sua esposa para ser usada por um interesseiro que não tem nenhum amor por você e muito menos por sua amada?
Pois é isso que estão fazendo com a igreja.
Entregaram-na aos prazeres da carne dos poderosos se tornando depositária do sêmem repugnante da impiedade, sem direito abortivo, sendo que os filhos virão em formas decadentes reproduzindo mais inferno, mais prostitutas cultuais, num processo viral que não terá fim, a não ser quando o Ômega vier com sua espada desembainhada em fogo. Falsos profetas, pastores, bispos, após-tolos, líderes eclesiásticos, ainda há tempo de se converterem. Não é vergonha nenhuma, vergonha sim é viver nessa podridão de alma.  O que disse vai se perder, tão logo o que não disse aparecer.  De Deus não se zomba, tudo o que o homem semear isso também colherá.
Ai de vós fariseus, guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo. O meu mestre disse isso tudo a respeito, e disse ainda mais;
- O meu reino não é desse mundo!
Não quis o poder político. Se quisesse o teria, se fosse da vontade do Pai.
Não acredite em político evangélico! Apenas acredite em Evangélico político, pois o Evangelho (O Verdadeiro) deve vir antes de qualquer política.  Se for sal de verdade, salgará a terra e ninguém o verá, contudo, sentirá o sabor. Acho que vou parando por aqui. Não preciso mais discorrer sobre esse assunto, afinal, a verdade persuade por si mesma, não há duas mentiras iguais, nem duas verdades diferentes. Digo, por fim, que não sou radicalmente contra o envolvimento de evangélicos com a política. Acredito em gente boa de Deus como a Marina Silva.
Pra lembrar: 'Aplaudir o ridículo é mil vezes mais se ridicularizar'.
Um abraço, Na esperança de que quando vier O perfeito, toda imperfeição seja aniquilada.
Por Carlos Lima conteudo@ogalileo.com.br

As autoridades norte-americanas reconheceram no sábado que é "inevitável" que o óleo do vazamento descontrolado no Golfo do México chegue ao litoral dos EUA, provavelmente começando pelo Estado da Louisiana.

Mancha de óleo se aproxima da costa dos EUA, Obama irá à região
Domingo, 2 de maio de 2010 10:32 BRT  Por Matthew Bigg

VENICE, Louisiana (Reuters) - O presidente Barack Obama vai visitar a costa do Golfo do México nos Estados Unidos no domingo, enquanto seu governo procura desviar críticas segundo as quais poderia ter reagido mais rapidamente a um enorme vazamento de petróleo que ameaça se transformar em catástrofe econômica e ambiental. O incidente pode acabar rivalizando com o desastre do Exxon Valdez no Alasca em 1989, o pior vazamento de óleo da história dos Estados Unidos. Os esforços para conter o vazamento e proteger o litoral continuaram no sábado, mas foram limitados pelas ondas altas causadas por ventos fortes, disseram autoridades.
As autoridades norte-americanas reconheceram no sábado que é "inevitável" que o óleo do vazamento descontrolado no Golfo do México chegue ao litoral dos EUA, provavelmente começando pelo Estado da Louisiana. Membros do gabinete de Obama, incluindo os secretários de Segurança Interna e do Interior, iriam aparecer em jornais televisivos na manhã de domingo para comentar a reação do governo ao desastre. Os assessores de Obama disseram no sábado que o presidente está "totalmente engajado" desde o começo com o monitoramento do problema crescente.
"Há óleo suficiente lá fora para que seja lógico pensar que vai atingir o litoral. É apenas uma questão de onde e quando", disse o oficial da Guarda Costeira americana Thad Allen. "É a Mãe Natureza quem vota neste tipo de coisa." O litoral da Louisiana à Flórida está ameaçado pela mancha de óleo, que se estima esteja cobrindo uma área de 208 por 112 quilômetros e que ainda está aumentando. Muitas das comunidades que estão no caminho da mancha são as mesmas que foram devastadas pelo furacão Katrina em 2005. O petróleo que jorra descontrolado da explosão na plataforma de perfuração Deepwater Horizon e de um poço rompido a cerca de 68 quilômetros da costa do Louisiana foi empurrado para o norte, em direção à costa, por ventos fortes, mas que mudam de direção. No sábado, a extremidade avançada da mancha envolveu a pequena comunidade pesqueira de Venice, a 121 quilômetros a sudeste de Nova Orleans. Autoridades dizem que dentro de três ou quatro dias as costas do Mississippi e Alabama podem estar em risco.
Importantes rotas de transporte marítimo, áreas pesqueiras, refúgios nacionais de fauna silvestre e praias populares estão no caminho da sopa de petróleo. Até agora os corredores marítimos vitais que levam ao rio Mississippi e aos enormes portos da Costa do Golfo não foram afetados, disseram autoridades. A região litorânea do Golfo do México e suas áreas pantanosas abrigam centenas de espécies de fauna silvestre, incluindo peixes-bois, tartarugas marinhas, golfinhos, toninhas, baleias, lontras, pelicanos e outras aves. O Golfo é também uma das áreas pesqueiras mais férteis do mundo, repleta de camarões, ostras, mexilhões, caranguejos e peixes. Sua indústria pesqueira movimenta 1,8 bilhão de dólares e perde apenas para a do Alasca.
(Reportagem adicional de Chris Baltimore e Kristen Hays em Houston, Tom Bergin em Londres, Carlos Barria em Venice, Louisiana, Phil Stewart em Washington, Joshua Schnyer e Rebekah Kebede em New York)  © Thomson Reuters 2010 All rights reserved.

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