sábado, maio 08, 2010

Belíssimo texto sobre Mãe!

A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.
Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista esta frase e ela sempre me soou estranha.
Até agora. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos.
Uma batalha interna hercúlea, confesso.
Quando começo a esmorecer na luta para controlar a supermãe que todas temos dentro de nós, lembro da frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor, preciso explicar o que significa isto.
Ser 'desnecessária' é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes.
Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vinculo não para de se transformar ao longo da vida.
Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.
O que  eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância e na divergência, no sucesso ou no fracasso, com peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pai e mãe- solidários- criam filhos para serem livres.
Esse é o maior desafio e a principal missão.
Ao aprendermos  a ser desnecessários, nos transformamos em porto seguro  quando eles decidem atracar.'
Marcia Neder

Flying Elephants Productions Presents "Ashes and Snow", uma exposição de Gregory Colbert.

O que é a teoria do caos?

O que é a teoria do caos?
É uma das leis mais importantes do Universo, presente na essência de quase tudo o que nos cerca. A idéia central da teoria do caos é que uma pequenina mudança no início de um evento qualquer pode trazer conseqüências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro. Por isso, tais eventos seriam praticamente imprevisíveis - caóticos, portanto. Parece assustador, mas é só dar uma olhada nos fenômenos mais casuais da vida para notar que essa idéia faz sentido. Imagine que, no passado, você tenha perdido o vestibular na faculdade de seus sonhos porque um prego furou o pneu do ônibus. Desconsolado, você entra em outra universidade. Então, as pessoas com quem você vai conviver serão outras, seus amigos vão mudar, os amores serão diferentes, seus filhos e netos podem ser outros. No final, sua vida se alterou por completo, e tudo por causa do tal prego no início dessa seqüência de eventos! Esse tipo de imprevisibilidade nunca foi segredo, mas a coisa ganhou ares de estudo científico sério no início da década de 1960, quando o meteorologista americano Edward Lorenz descobriu que fenômenos aparentemente simples têm um comportamento tão caótico quanto a vida. Ele chegou a essa conclusão ao testar um programa de computador que simulava o movimento de massas de ar. Um dia, Lorenz teclou um dos números que alimentava os cálculos da máquina com algumas casas decimais a menos, esperando que o resultado mudasse pouco. Mas a alteração insignificante, equivalente ao prego do nosso exemplo, transformou completamente o padrão das massas de ar. Para Lorenz, era como se "o bater das asas de uma borboleta no Brasil causasse, tempos depois, um tornado no Texas". Com base nessas observações, ele formulou equações que mostravam o tal "efeito borboleta". Estava fundada a teoria do caos. Com o tempo, cientistas concluíram que a mesma imprevisibilidade aparecia em quase tudo, do ritmo dos batimentos cardíacos às cotações da Bolsa de Valores. Na década de 70, o matemático polonês Benoit Mandelbrot deu um novo impulso à teoria ao notar que as equações de Lorenz batiam com as que ele próprio havia feito quando desenvolveu os fractais, figuras geradas a partir de fórmulas que retratam matematicamente a geometria da natureza, como o relevo do solo ou as ramificações de nossas veias e artérias. A junção do experimento de Lorenz com a matemática de Mandelbrot indica que o caos parece estar na essência de tudo, moldando o Universo. "Lorenz e eu buscávamos a mesma verdade, escondida no meio de uma grande montanha. A diferença é que escavamos a partir de lugares diferentes", diz Mandelbrot, hoje na Universidade de Yale, nos Estados Unidos. E pesquisas recentes mostraram algo ainda mais surpreendente: equações idênticas aparecem em fenômenos caóticos que não têm nada a ver uns com os outros. "As equações de Lorenz para o caos das massas de ar surgem também em experimentos com raio laser, e as mesmas fórmulas que regem certas soluções químicas se repetem quando estudamos o ritmo desordenado das gotas de uma torneira", afirma o matemático Steven Strogatz, da Universidade Cornell, nos Estados Unidos. Isso significa que pode haver uma estranha ordem por trás de toda a imprevisibilidade. Só a continuação das "escavações" pode resolver o mistério.
Imprevistos decisivos A idéia central da tese é que pequenas alterações numa situação trazem efeitos incalculáveis
1. A essência da teoria do caos é que uma mudança muito pequena nas condições iniciais de uma situação leva a efeitos imprevisíveis. É o que acontece nesse exemplo hipotético, em que uma menina brinca despreocupadamente com sua bola. Parece uma situação sem grandes conseqüências, mas... 2. ... uma borboleta surpreende a garotinha! Pronto: apareceu a tal "pequena alteração nas condições iniciais". Com o susto, ela deixa a bola cair 3. A bola vai rolando em direção à estrada e a menina corre atrás para recuperá-la. Enquanto isso, um caminhão carregado de sal está passando por ali 4. Para não atropelar a menina, o motorista vira o volante subitamente. Mas o caminhão não agüenta a manobra e tomba. O veículo começa a pegar fogo 5. Todo o suprimento de sal começa a torrar. A fumaça do incêndio está carregada de minúsculas partículas de cloreto de sódio, que sobem para as nuvens 6. Nas nuvens, as partículas de cloreto de sódio atraem pequenas gotinhas de vapor d’água e começam a formar gotas de chuva, que crescem até terem peso suficiente para cair 7. Com as nuvens pesadas, começa a chover depois de algum tempo. Ou seja, a brincadeira inocente da menina, no fim, produziu uma alteração imprevisível nas condições climáticas!
Geometria reveladora Gráficos indicam quando um evento é caótico Cientistas traduzem o movimento de um objeto ou de um sistema dinâmico como a atmosfera em gráficos abstratos, chamados de atratores. Dependendo do desenho que surge, dá para saber se um determinado acontecimento é previsível ou não
Ponto imóvel O gráfico abstrato de algo estático, como uma bolinha de gude parada, é um simples ponto. Basta pensar um pouco: se não houver uma força externa, como alguém que resolva empurrá-la, a bolinha sempre vai estar ali e o ponto isolado indica essa ausência de movimento
Movimento previsível No caso de um pêndulo, que se move harmonicamente, o gráfico do movimento tem formato espiral. Isso indica que ele se movimentará por um certo tempo até parar. Dependendo da força inicial, dá para saber exatamente quando e onde isso vai acontecer
Caos total As equações que explicam o comportamento de eventos imprevisíveis dão origem a gráficos conhecidos como fractais, figuras de geometria maluca e detalhes infinitos. 

A FALTA DE DOCENTES NAS FEDERAIS

A FALTA DE DOCENTES NAS FEDERAIS
EDITORIAL - O ESTADO DE S. PAULO - 8/5/2010
Como a expansão das universidades federais no governo Lula foi determinada mais por critérios políticos do que técnicos, muitas delas agora enfrentam dificuldades para encontrar professores com a qualificação necessária para compor o quadro docente. Nos últimos 5 anos do governo Lula, foram criadas 15 novas instituições federais de ensino superior, que oferecem 12 mil novas vagas em seus cursos de graduação. Contudo, os cursos de pós-graduação estrito senso ? a maioria concentrada nas Regiões Sudeste e Sul ? não estão conseguindo formar mestres e doutores para suprir a demanda.  O problema é mais grave na Região Norte, onde as Universidades Federais de Rondônia (Unir), Pará (UFPA) e Amazonas (Ufman) tiveram de abrir novos concursos públicos para seleção de docentes, por falta de inscritos qualificados nos concursos anteriores. A maior dificuldade é preencher as vagas nos campi mais afastados das capitais. Das cinco novas unidades da instituição, a mais próxima da sede está a 720 km de Manaus. Outra unidade fica numa cidade de 20 mil habitantes, sem infraestrutura e sem acesso aéreo, na fronteira com a Colômbia e o Peru.  "É difícil um doutor querer morar num lugar assim. A gente enfrenta uma concorrência desleal, pois não existe uma política que dê um diferencial mais sedutor ao Norte. Aqui nunca é a primeira opção", diz o professor Albertino de Carvalho, pró-reitor de gestão da Ufman. "Para melhorar nosso atrativo, precisamos de recursos extras e de uma política de médio e longo prazos. E isso depende de uma decisão política: o País quer ou não criar condições para termos doutores capazes de aproveitar o potencial da região amazônica?", pergunta o pró-reitor de pesquisa e extensão da UFPA, Emmanuel Tourinho.  Como os salários das universidades federais são iguais em todo o País, quem tem mestrado ou doutorado prefere fazer a carreira acadêmica nas instituições do Sudeste e do Sul. Sediadas em cidades de médio e grande portes, elas são mais equipadas, em matéria de instalações físicas, equipamentos de informática, laboratórios e bibliotecas. E, além de oferecer melhores condições de trabalho, gozam de uma visibilidade internacional que as universidades federais das Regiões Norte e Centro-Oeste não possuem.  Além de registrar altos índices de evasão e expressivas taxas de ociosidade em alguns cursos, a maioria das universidades criadas nos últimos anos pelo governo Lula ainda funciona em canteiros de obras atrasadas, com aulas em prédios improvisados e sem dispor de infraestrutura. Por causa disso, algumas não estão conseguindo reter os estudantes beneficiados pelo sistema de cotas, que chegam despreparados da rede pública de ensino médio. As novas universidades tiveram a inauguração antecipada, a fim de que pudessem ser utilizadas como bandeira política para as eleições de 3 de outubro.  Para atenuar o problema do déficit de professores qualificados, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) lançou, em dezembro de 2008, um plano para estimular a criação de novos programas de pós-graduação, especialmente nas Regiões Norte e Centro-Oeste. E, seis meses depois, a entidade e representantes dos Ministérios da Educação (MEC), do Desenvolvimento e da Ciência e Tecnologia formaram uma comissão para começar a implantar o Programa de Apoio à Pós-Graduação (PAPG) ainda este ano. A ideia é levar as universidades situadas nas áreas mais carentes de professores qualificados a criar cursos de mestrado e doutorado adaptados às especificidades sociais e econômicas regionais, para que elas formem seus próprios quadros docentes. A iniciativa é importante, mas demorará para apresentar resultados, pois, como explica a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do MEC, ela ainda é uma "proposta em construção".  O déficit de professores qualificados nas universidades federais mostra que o ensino superior público continua apresentando problemas e que o governo Lula, em seus dois mandatos, jamais teve uma política bem estudada para superá-los. 

Especialistas em adoção debatem necessidade de preparo para os pais

Especialistas em adoção debatem necessidade de preparo para os pais
Lourenço Canuto, Agência Brasil - 08/05/2010
BRASÍLIA - A necessidade de convicção e preparo por parte das famílias que se candidatam à adoção de crianças que moram em abrigos foi discutida neste sábado por quatro especialistas, reunidos em entrevista no programa Revista Brasil, da Rádio Nacional. A mudança na legislação, feita em meados do ano passado, que torna uma pessoa apta a adotar uma criança, depois de seis meses de convívio com ela nos abrigos, foi criticada pelo entrevistados, que consideram o tempo curto para o amadurecimento do relacionamento. Os especialistas acham que o tempo é razoável no caso de uma criança recém nascida, mas para um menor com dez anos de idade, por exemplo, eles acreditam que há necessidade de um tempo maior para a adoção. O Defensor Público do Distrito Federal, Sérgio Ramos, que integra o Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, disse que os defensores das Varas de Infância "precisam se preparar melhor para decidir sobre a questão, uma vez que os advogados vão sempre trabalhar para adequar a ação de adoção dentro dos interesses e perfil de seus clientes, procurando ocultar tudo que dificulte a concessão". A especialista em psicoterapia do trauma e da infância, Marcela Cadima, afirma que muitos problemas ligados às pessoas que querem fazer uma adoção não aparecem no processo burocrático. Ela diz que em seu consultório se depara com muitos casos em que a decisão de casais foi tomada em momento inadequado, o que "é muito ruim, pois o arrependimento vai afetar a vida da criança. Muitas pessoas querem fazer adoção pelo modismo que há nisso, porque vêem artistas famosos assumindo a guarda de crianças de países pobres". O presidente da Associação dos Filhos Adotivos do Brasil, Ricardo Fischer, disse que foi adotado na infância, recebeu muito amor de seus pais, mas confessa que sofreu preconceito social e também familiar. Já a psicóloga e integrante do Instituto Berço da Cidadania, Marina da Penha Oliveira, que desenvolve o projeto Caminhos para Adoção, disse que para ser pai deve haver um preparo seja de filhos adotivos ou biológicos. "É preciso ter um estilo de vida compatível, para oferecer um lar à criança. Quem quer ajudar uma criança pode sempre fazê-lo, mas maternar é diferente". Marina disse que a adoção também envolve a questão étnica, porque a maioria das crianças que vivem em abrigos são negras, "a maioria dos pobres são negros e a tendência é de que um casal negro escolham uma criança da sua cor, assim como a maioria dos casais brancos escolhem crianças também da pele clara".

IQUE - No Jornal do Brasil


LIMITES DO ´JEITINHO´ BRASILEIRO

LIMITES DO ´JEITINHO´ BRASILEIRO
EDITORIAL - O GLOBO - 8/5/2010
Um dos trunfos do presidente Lula, em sua extraordinária trajetória política, sempre foi a capacidade de negociação. Isso já aparece nos seus tempos de líder sindical, em São Bernardo do Campo. O Lula presidente da República exerceu esse talento navegando entre posições aparentemente contraditórias — como quando manteve a política econômica do governo anterior ao mesmo tempo em que abria frentes audaciosas no terreno social. De sucesso em sucesso, ele pode ter sido levado a crer que bastava aplicar os mesmos talentos à política internacional, e os povos do mundo acabariam batendo palmas para o “jeitinho” brasileiro. Mas, nesse caso, ele pode ter sido vítima de um excesso de confiança. A filosofia lulista é de que uma conversa “olho no olho” é capaz de remover obstáculos aparentemente intransponíveis. Funcionou em São Bernardo. Parece ter funcionado em Brasília. Mas a ciência da diplomacia passa por outros caminhos. Ela é, em grande parte, a arte da dissimulação. Mesmo em se tratando de América Latina, a diplomacia lulista já dava sinais de não ter a sofisticação necessária para lidar com assuntos além-fronteira. Motivos ideológicos podem ter tido a culpa de sucessivos erros de avaliação — como no crédito ilimitado estendido ao coronel Chávez, à Cuba de Fidel Castro. Mas este, mal ou bem, é um terreno onde Lula é capaz de movimentar-se com um certo desembaraço. Bem diferente é um cenário como o do Oriente Médio. Ali, as camadas de história têm uma profundidade insuspeitada; e mesmo os especialistas na matéria são capazes de errar. O “olho no olho” pode se transformar em simples demonstração de ingenuidade. É o que já está sendo cobrado do presidente Lula. Para o governo americano, o presidente do Irã, Ahmadinejad, pressionado pela comunidade internacional, está simplesmente procurando ganhar tempo com o anúncio de que “aceitaria em princípio” a proposta brasileira de mediação. O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, foi um pouco mais longe: afirmando que “Brasil e França se amam”, e que o presidente Lula é “um verdadeiro herói” ao tentar intermediar um acordo com o Irã, ele não esconde uma convicção: Lula está sendo “embromado” por Ahmadinejad. É o que parece mais provável, agora, ante declarações como a do aiatolá Khatami, influente no governo do Irã, de que o seu país, “pela graça de Deus, entrou no clube nuclear”. “Em relação à questão nuclear, vocês devem ver a nuclearização do Irã como um fato consumado” — acrescentou o clérigo. E mais: “Se vocês quiserem confrontar a nossa religião, nós vamos pôr em perigo todo o seu mundo.” As consequências do fanatismo religioso estão à vista de todos. Os homens-bomba são apenas um aspecto desse fanatismo; e eles encontram guarida em mais de um estado muçulmano. O presidente do Irã já manifestou, mais de uma vez, sua intenção de riscar Israel do mapa. Nesse contexto cultural e político, não será um pouco demais esperar que o “jeitinho” brasileiro consiga o que times inteiros de especialistas não conseguiram ao longo de décadas? 

LICENÇA PARA ROUBAR

Licença para roubar

Nelson Motta
Não é preciso criar nenhuma lei nem fazer qualquer debate ou votação. É mais prático e direto do que uma reforma eleitoral, sem financiamento público e voto em listas, nem riscos para o estado de direito e a democracia. Muito pelo contrário.
Basta fazer como democracias civilizadas e definir, julgar e punir o “caixa 2” pelo o que ele é: um crime mais grave do que o roubo para uso próprio. Porque lesa não só uma pessoa física ou jurídica, mas toda a sociedade, para fraudar o processo eleitoral e corromper a vontade dos cidadãos, desmoralizando as instituições democráticas e afrontando a lei e a justiça.

O “caixa 2” é um delito mais grave do que um simples roubo público ou privado como os que enchem os noticiários. Alguns desses ladrões são presos e o produto dos crimes pode ser recuperado. Mas os que roubam para fraudar o processo eleitoral, alegando que não é para uso próprio (embora às vezes seja), mas pela “causa”, não são presos, não devolvem o dinheiro, nem pagam os irreparáveis prejuízos à democracia, são heróis da impunidade em seus partidos.

“Ah, é só caixa 2”. Alguém imagina o Obama dizendo isto? Nem Berlusconi ousaria. Aqui, presidentes de partidos e até da República dizem, considerando como atenuante o que é agravante. Seu corolário “todo mundo faz” minimiza e absolve o delito, e pereniza o atraso político.

Por que Estados Unidos, Inglaterra, França e Itália julgam crimes políticos como mais graves do que os comuns, com cadeia e multas pesadas por conspiração contra o estado democrático e suas instituições?

Talvez porque eles não têm esse jeitinho brasileiro de ser democrata, esse hábito de nivelar por baixo e de se contentar com pouco. Construíram democracias em que a lei é para todos, onde não há causa, por melhor que seja, que justifique a sua transgressão. Em ditaduras, leis espúrias podem e devem ser transgredidas na luta pela democracia, mas, quando finalmente a conquistamos, isto só a corrompe e avilta.

Enquanto formos escravos desse passado, não há esperança de vencermos o medo de viver em uma democracia que seja realmente de todos.

Sonhadores Trecho de Waking life


Prazo de validade de patentes é pacificado no STJ

Prazo de validade de patentes é pacificado no STJ

O STJ consolidou o entendimento sobre o alcance da Lei nº 9.279/1996, que aumentou de 15 para 20 anos o prazo de validade das patentes no Brasil. Por unanimidade, o colegiado decidiu que a referida norma não retroage, ou seja, as empresas que obtiveram o registro antes da entrada em vigor da nova lei têm direito à patente por apenas 15 anos, conforme previsto na Lei nº 5.772/1971. A controvérsia envolve as normas prescritas no Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (Acordo TRIPs), ratificado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 30, de 15.12.1994, com a correspondente promulgação pelo Decreto Presidencial nº 1.355, de 30.12.1995. Segundo o ministro, nada na lei tutela o aumento pretendido, que abala expectativas empresariais ao prorrogar algo que, pela lei, vai alcançar o domínio público.

O eleitor não quer ser enganado

Villas-Bôas Corrêa – Jornal do Brasil - 08/05/2010
Pelo noticiário das redes de televisão e pelos jornais procurei saciar a curiosidade sobre o primeiro debate dos três principais candidatos ou pré-candidatos à sucessão do insubstituível presidente Lula, o líder mais popular do mundo, promovido pela Associação Mineira dos Municípios, em Belo Horizonte, e que reuniu Dilma Rousseff, do PT, José Serra, do PSDB, e Marina Silva, do Partido Verde (PV).
Li e reli os principais tópicos assinalados na primeira leitura. E, com a mais absoluta franqueza, curti ao longo do dia a frustração que mistura a superficialidade do falatório da trinca, com ressalvas quanto à candidata do PV. E o tom que procurou ser natural e descontraído da parlapatice do candidato da oposição, José Serra (PMDB), com o riso forçado para passar a impressão da cordialidade, quando o que o eleitor reclama são propostas polêmicas que definam a linha política de cada um. Marina Silva criticou as concessões que os partidos de Dilma e de José Serra fizeram quando assumiram o poder. As carapuças enterram na cabeça de Fernando Henrique Cardoso, o criador da praga da reeleição que acanalhou as campanhas para os três níveis de executivo - presidente, governadores e prefeitos - e na do PT de Lula. Marina reconheceu o erro do PT, quando era filiada ao partido: “Nós tentamos governar sozinhos, sem conversar com o PSDB, e acabamos reféns do que havia de pior no PMDB”. 
Pouco mais se aproveita do bate-papo inaugural da série de debates na fase decisiva da campanha, transmitidos ao vivo pela televisão e comentados em largos espaços nos jornais e revistas. Desembaraçado da seriedade de governador de São Paulo, o candidato José Serra estava com a corda toda. Surpreendeu as duas candidatas com o pré-convite patusco: “Se depois da campanha eu for eleito (e ninguém é eleito antes da campanha), vou querer – e pode parecer uma heresia – tanto o PT quanto o PV no governo. Com base no programa Nada de relação pessoal”. 
É apenas uma galanteria do candidato que, se levada a sério, extinguiria a oposição.
A cantilena do trio não destoa das queixas de candidatos à reeleição, que atribuem à má vontade da imprensa o desinteresse do eleitor pela pré-campanha, que pode levar a um número desqualificante de votos nulos ou em branco. Pois, melhor nem de encomenda. Na noite de quarta-feira, dia 5, não exagero afirmar que tive a honra de dividir com o escritor e comentarista político Merval Pereira, de O Globo, duas horas de palestra na Casa do Saber, a primeira de uma série de debates com o público.
Como são centenas as testemunhas, não receio desmentido. Em várias salas, outros temas atraíram os interessados. Mas a notícia do debate político encheu o salão. Assistência de todas as idades, muitos com cadernos para anotações, por duas horas e quebrados, com intervalo de dez minutos para esticar a perna e outras serventias, não arredou pé. Não saiu ninguém, tocado pela pressa ou o cansaço. E o debate aberto para perguntas garantiu o sucesso. Modéstia à parte, meio a meio com o Merval, fomos aplaudidos de pé por alguns minutos.
E é simples a chave que abre o cofre arrombado do segredo. Nós estávamos ali para o depoimento franco. E a crítica direta e a análise sem meias palavras do pior Congresso de todos os tempos, o mais enlameado em escândalos. Na defesa da porta trancada da saída, que começa pela reforma política, com a Constituinte ou mesmo com emendas constitucionais que acabem com a orgia da roubalheira milionária da capital, que é a mais bela do mundo e que vem sendo pilhada por governadores de opereta, Assembleia Legislativa, o Roriz que favelizou a capital inaugurada antes de estar pronta e vem sendo saqueada por governadores que distribuem pacotes de notas aos cupinchas. E pelo Congresso das mordomias, vantagens, passagens aéreas para o fim de semana no feudo eleitoral.
Esses são os temas que o eleitor quer que os candidatos discutam. Batendo no peito as pancadas do arrependimento. É só esperar para conferir.

Skoob

BBC Brasil Atualidades

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