sábado, julho 24, 2010

Plástica afeta amamentação, diz estudo

Plástica afeta amamentação, diz estudo 

GABRIELA CUPANI Folha de São Paulo 23/07/2010

Mulheres que se submeteram a cirurgias de redução ou de aumento de seios podem ter mais dificuldades na hora de amamentar. A operação para diminuir o volume dos seios tem impacto maior na função do aleitamento. O dado é de uma pesquisa inédita da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Foram comparadas 74 mulheres que haviam acabado de dar à luz em um hospital particular de São Paulo.
Segundo os autores, até aqui, os estudos mostravam resultados controversos: alguns sugeriram que as plásticas prejudicam o aleitamento, outros, não.
Cirurgiões plásticos dizem que as técnicas mais modernas não atrapalham a amamentação, e que a nova pesquisa não levou em conta as diferentes técnicas.
As pacientes foram divididas em três grupos: as que haviam passado por cirurgia de aumento; as que fizeram redução de mamas e as que não haviam feito plástica.
Todas foram avaliadas até 72 horas após o parto, depois entre cinco e sete dias e, por último, ao final de um mês.
Ao término do período, a chance de a criança estar recebendo exclusivamente leite materno foi de 29% no grupo das que tinham passado por redução de mamas, 54% naquelas com próteses mamárias e 80% nos bebês das mulheres do grupo controle.
Embora todas estivessem amamentando nas primeiras horas, após 30 dias a amamentação exclusiva entre as mulheres com cirurgia foi muito menor, diz o artigo.
ALERTA
"Apesar do pequeno número de mulheres avaliadas, a diferença foi significativa e os resultados servem de alerta", diz Ana Cristina Abrão, professora do departamento de enfermagem da Unifesp e uma das líderes do trabalho.
"As dificuldades na amamentação foram uma surpresa para as próprias mães, que relatam não ter sido avisadas desse risco na hora da cirurgia", conta a pesquisadora.
Segundo ela, a complementação com leite artificial já no primeiro mês eleva a chance de desmame precoce.
De acordo com o artigo, as cirurgias, dependendo da técnica empregada, alteram a integridade do tecido mamário e podem interferir na produção de leite.
Na redução de mamas, é preciso retirar tecido da glândula mamária. "No caso dos implantes, uma hipótese é que a prótese pode comprimir a glândula", diz Abrão.
No Brasil, as plásticas de mama respondem por cerca de um terço das cirurgias estéticas, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

MENOS AGRESSIVAS
"Hoje as técnicas estão menos agressivas e não comprometem a amamentação", diz a cirurgiã plástica Débora Galvão, do hospital Albert Einstein.
"Antigamente retirava-se muita glândula e até havia interrupção da comunicação com o mamilo, mas hoje preserva-se uma quantidade de glândula suficiente para garantir a produção de leite e não se interrompe essa comunicação", diz Alexandre Mendonça Munhoz, cirurgião plástico do Hospital Sírio-Libanês
Outro ponto a ponderar, segundo ele, é que há diferenças entre as técnicas utilizadas - o que não foi avaliado na pesquisa. Isso explicaria o fato de muitas mulheres não terem problemas. "E há aquelas que não querem amamentar ou têm medo de "estragar" a cirurgia, por temer estrias ou flacidez."

IQUE - No Jornal do Brasil

FERNANDO DE NORONHA

Reflexão do dia – Raimundo Santos

Reflexão do dia – Raimundo Santos

"Quem viveu no Chile de Allende, lembra da insistência do Partido Comunista na questão do crescimento produtivo a ponto de sair às ruas de Santiago empunhando a bandeira de luta “A ganhar a batalha da produção”. Aqueles comunistas liderados por Luiz Corvalán percebiam que o encaminhamento do processo reformista-democrático da Unidade Popular dependia da questão econômica. Para eles, vencer a batalha da produção tornava-se decisivo conquanto traria mais empregos, distribuição de renda e melhoria de vida dos chilenos. Notavam ainda que a resolução favorável da questão econômica impedia que o desabastecimento se convertesse em arma da conspiração golpista. Recordo que, nas ruas de Santiago, a palavra de ordem “A ganhar a batalha da produção” soava estranha ao clima de polarização ideológica que então se vivia no Chile. Veio-me essa lembrança ao ler na imprensa a recente declaração de Serra chamando-se de “Presidente da produção”. Aqui, nesta nossa outra circunstância, o grande empenho pelo crescimento econômico, custoso e que leva tempo, também é central. Se lá no Chile dividido ao meio pela radicalização, a consigna dos comunistas parecia estranha, aqui a “batalha da produção” brasileira é reconhecida como questão estratégica para termos um futuro próximo economicamente estável com mais oportunidades para todos. O difícil é convertê-la, na disputa eleitoral, em motivo convincente e mobilizador. “
Raimundo Santos, a propósito da declaração de José Serra à imprensa no dia 20/07/2010.
Publicado originalmente em http://gilvanmelo.blogspot.com/

Previdência estuda fim das pensões herdadas

Previdência estuda fim das pensões herdadas
Ministro diz que em 2008 3,7 milhões de pessoas recebiam pensões por morte de cônjuge, acumulando benefícios
Célia Froufe / BRASÍLIA

O bom desempenho da economia brasileira e a proximidade de um novo governo formam um cenário propício para reacender assuntos polêmicos ligados à Previdência Social. Pouco a pouco, o ministro Carlos Eduardo Gabas vem colocando os temas em pauta: aumento da idade mínima para aposentadoria, unificação dos regimes dos servidores públicos com o geral e continuação da contribuição previdenciária dos servidores inativos. Os itens mais recentes são o desconforto em relação ao acúmulo de benefícios, que praticamente só existe no Brasil, e as pensões herdadas por cônjuges.
Gabas encomendou estudos internos na Previdência para ter números que possam dar respostas sobre qual caminho seguir. No mínimo, a expectativa é de que seja feito um retrato da situação, já que nem todos os dados atuais podem responder a todas as dúvidas. Enquanto levantamento não sai, o ministro colhe avaliações informalmente. Ele mesmo não se compromete com posições, mas deixa passar alguns sinais sobre sua visão ao citar exemplos.
De acordo com o anuário da Previdência de 2008, o mais recente disponível, 3,7 milhões de pessoas recebiam naquele ano pensões por morte de cônjuge, companheiro ou ex-cônjuge - a maioria significativa é de mulheres (3,4 milhões). O total de pagamentos previdenciários por morte - incluindo filhos, pais, irmãos, além do próprio cônjuge - é feita a 6,5 milhões de beneficiados e o número geral de benefícios do INSS é de 23,1 milhões.
Ajuste. Avesso à palavra reforma, o ministro quer tratar das discussões como ajustes administrativos, sem passar por transformações constitucionais. O diagnóstico sobre diferentes temas ligados à Previdência será entregue ao presidente Lula em dezembro e visa a garantir a sustentabilidade da Previdência. O documento será passado ao próximo presidente.
O ministro tem aberto outras questões. Recentemente, deixou claro que, após as eleições, lutará contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que aprova o fim da contribuição dos servidores inativos. O texto foi aprovado na semana passada, em Comissão Especial na Câmara dos Deputados e prevê isenção da contribuição a partir dos 65 anos e cria um redutor de 20% por ano a partir dos 61 anos. "Isso é um contra-senso".
O ministro afirma que uma avaliação a respeito da idade mínima é uma questão de justiça previdenciária, pois a população está envelhecendo. "Minhas filhas vão viver mais de 100 anos e se elas se aposentarem aos 50, vão fazer o que neste período, que ainda é de grande produtividade", questionou, na semana passada. Além disso, ele também cita outro ponto polêmico: o de tornar, cada vez mais próximo, o regime geral e o dos servidores. Há, no Congresso, uma proposta para criar o fundo de pensão do funcionalismo.
"Queremos que isso seja aprovado logo", comentou. Ele garante que qualquer mudança a ser realizada não afetará as pessoas que estão próximas do período de aposentadoria. "Quem for se aposentar em cinco ou dez anos não sentirá qualquer mudança".

Joseph Mallord Turner Willaim (Precursores do Impressionismo - Inglaterra - 1775-1851)



                                                 Turner - The Fighting Temeraire puxou-lhe Cais último a ser quebrado

Newton Silva, para O Jangadeiro Online


É possível aprender física com histórias em quadrinhos? Professor utiliza super-heróis para motivar seus alunos a entenderem questões científicas


http://www2.uol.com.br/sciam/img/px_branco.gif
É possível aprender física com histórias em quadrinhos? Professor utiliza super-heróis para motivar seus alunos a entenderem questões científicas por Robin Lloyd
Não se aprende muita física assistindo a filmes de ficção científica ou shows de TV. Mas ler um antigo livro de histórias em quadrinhos ou frequentar o seminário “Física de Super-heróis”, de Jim Kakalios, na University of Minnesota, pode inspirá-lo a entender se Flash (personagem da DC Comics) consumiria todo o oxigênio da Terra se corresse quase à velocidade da luz.
“Histórias em quadrinhos frequentemente acertam sua física”, declarou Kakalios durante sessão de “Ciência de Super-heróis”, no encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, realizado na semana passada. “Pelo menos uma vez que se aceite uma premissa inicial impossível, como a ideia de que um homem é capaz de voar como um morcego, ou é mais veloz que um projétil disparado”, acrescentou.
Em 2001, Kakalios deu seu primeiro seminário sobre a física dos super-heróis, para calouros, em uma tentativa de estimular seus alunos. Agora, é possível comprar seu livro sobre o assunto.
O truque é transmitir a ciência sem simplificá-la excessivamente, nem entediar sua audiência, disse ele. Explicações diretas da física geralmente intimidam uma pessoa leiga a fazer perguntas. “Ela pensa que não entende [a física] porque não é suficientemente inteligente”, declarou Kakalios. Mas se professores e cientistas falam em Homem-Aranha ou Super-Homem, os leigos tendem a perguntar e podem até se lembrar de alguns princípios de mecânica quântica ou da Segunda Lei de Newton.
Um dos alunos de Kakalios calculou que Flash levaria vários milhões de anos para consumir todas as moléculas de oxigênio existentes da atmosfera da Terra, se corresse quase à velocidade da luz.
Os epítetos, antes dolorosos e depreciativos, de “nerd” e “geek” (pessoa chata, incomum e impopular) estão perdendo as conotações negativas, afirmou Kakalios, e acrescentou não acreditar que os americanos sejam anti-intelectuais. “Ninguém quer um neurocirurgião burro. Ninguém quer um mecânico idiota. Você quer as pessoas mais qualificadas e inteligentes que puder ter”, frisou, embora acrescentasse que os americanos também detestam os esnobes e a condescendência.
Professores têm o dever de ensinar ciências às massas curiosas de um modo que as pessoas consigam entender, declarou.
No início da sessão, Sidney Perkowitz, da Emory University, conferiu a filmes de ficção científica notas variadas por sua precisão científica e informação, ao discorrer sobre os resultados de sua análise de 120 filmes (detalhados em seu livro “Hollywood Science”, de 2007). A maioria começa com uma migalha de ciência real, mas “eles simplesmente nem sempre tratam a ciência muito bem, para dizer o mínimo”, declarou ele. E os cientistas frequentemente são estereotipados como lunáticos ou loucos.
O pior filme de ficção científica em termos de ciência? “O Núcleo – Missão ao Centro da Terra” (“The Core”), julgou ele. “Lunar” (“Moon”) é melhor. E “Abandonados” (“Marooned”) foi recomendado por Kakalios.
Joe Pokaski, roteirista do seriado “Heroes”, da NBC, em que pessoas comuns, do cotidiano, descobrem e lidam com a aquisição de superpoderes, disse que nas sessões de redação, os autores do filme mantêm acalorados e intensos debates sobre tópicos como a invisibilidade, mas a realidade é que contar uma história tem de suplantar a ciência. “Nós de fato abastardamos termos científicos a um ponto que é realmente chocante”.
Para escritores de ficção científica, as metas são autenticidade e fazer com que os espectadores se preocupem com os personagens, muito mais que uma ciência totalmente precisa, declarou Alex Tse, roteirista de “Watchmen”.
“Eu não entendo a mínima de ciências”, confessou Tse. “Provavelmente sou a pessoa menos qualificada para estar nessa discussão. A razão pela qual eu quis vir para cá é que, se você for ver o trabalho que tento realizar e as coisas que aspiro fazer, existe uma plausibilidade na ciência. Para mim, pelo menos, ela acrescenta uma qualidade eterna a um filme: faz com que ele tenha um efeito duradouro. Existem alguns filmes que são meio ridículos. Eles são divertidos para assistir, mas não têm um efeito durador em mim.”


Reflexões Cristãs

O cristianismo não é um sistema de doutrina,
mas um formador de novas criaturas.
John Newton
John Newton nasceu em Wapping, Londres, em 1725, filho de John Newton, um capitão de navio a serviço no Mediterrâneo, e Elizabeth Newton (née Seatclife), uma Cristã Não-conformista. Sua mãe morreu de tuberculose quando ele tinha apenas 6 anos. Depois de um curto tempo na Marinha Real, John Newton iniciou sua carreira como traficante de escravos. Certo dia, durante uma de suas viagens, o navio de Newton foi fortemente afetado por uma tempestade. Momentos depois que ele deixou o convés o marinheiro que tomou o seu lugar foi jogado ao mar, por isso ele próprio guiou a embarcação pela tempestade. Mais tarde ele comentou que durante a tempestade ele sentiu quão frágil e desamparado eles estavam e concluiu que somente a Graça de Deus poderia salvá-los naquele momento. Incentivado por esse acontecimento e pelo que havia lido no livro, Imitação de Cristo deTomás de Kempis, ele resolveu abandonar o tráfico de escravos e tornou-se cristão, o que o levou a compor a canção Amazing Grace (em inglês: "Graça Maravilhosa").

Leandro, no Diário de Guarulhos

Desigualdade latina, a maior do mundo -mas em queda

https://blogger.googleusercontent.com/tracker/2955776538147348653-234283214105044287?l=noracebr.blogspot.comDesigualdade latina, a maior do mundo -mas em queda
MARCELO NERI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se no futuro um historiador fosse nomear as principais mudanças ocorridas na sociedade brasileira e latino-americana na primeira década do terceiro milênio, poderia chamá-la de década da redução da desigualdade de renda. Da mesma forma que a de 90 foi a da estabilidade para nós (depois dos vizinhos) e a de 80 a da redemocratização.
De 2001 até 2008 a renda real per capita dos 10% mais ricos cresceu 11,2% e a dos 10% mais pobres 72% puxados como o crescimento e os olhos dos chineses. Existe paralelo entre a fotografia e os movimentos do Brasil e da América Latina. Em ambos, o nível da desigualdade é dos mais altos do mundo, mas está em queda.
A má notícia é que ainda somos muito desiguais, a boa notícia prospectiva é que há crescimento a ser gerado na base da pirâmide social. Há três contribuições centrais do relatório do Pnud: 1) Incorporar o efeito da desigualdade em todas as dimensões centrais do desenvolvimento humano -leia-se educação e saúde para além da renda.
Não estamos apenas olhando para médias, mas para a distribuição desses elementos ao longo de nossas desiguais sociedades. 2) Alongar o horizonte de tempo para além dos anos correntes, ou mesmo do ciclo de vida das pessoas, o que já seria um formidável avanço. O relatório vai além, olhando a transmissão da desigualdade entre gerações pelas vias da educação.
3) Olhar as aspirações e as atitudes subjetivas através da investigação sistemática e objetiva de aspectos subjetivos. Não há mudança real, sem a visão e ação daqueles que as protagonizam.
Apesar de todas as dificuldades e os riscos associados à empreitada, podemos agora começar a tentar entender as mentes inspiradoras do realismo fantástico de Gabriel Garcia Márquez ou dos bares lúgubres de Mário Vargas Llosa.
MARCELO NERI, economista, é chefe do Centro de Políticas Sociais vinculado à Fundação Getulio Vargas.

O estatuto da raça e o caso Shirley Sherrod

Do blog do Simon Schwartzman


Ao mesmo tempo em que o Presidente Lula assinava o Estatuto da Igualdade Racial, que divide o Brasil legalmente em duas nações, brancos e pretos, os Estados Unidos se viam abalados pelo caso de Shirley Sherrod, que nossa imprensa aparentemente não está noticiando. O contraste é interessante e instrutivo.
Shirley Sherrod - na foto, era até outro dia alta funcionária do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Negra, seu pai foi assassinado pela Ku Klux Kan, e ela dedicou sua vida à causa dos direitos da população negra nos Estados Unidos. Em uma palestra para a NAACP, a antiga associação de Martin Luther King que liderou o movimento de integração racial nos Estados Unidos, era conta como, vinte anos atrás, se deparou pela primeira vez com uma situação em que precisava atender a uma familia branca que estava em dificuldades. Ela, a princípio, ficou na dúvida como proceder, mas entendeu que o direito das pessoas não deve ter cor, a atendeu à família, ajudando para que eles não perdessem a propriedade rural que tinham e que estava ameaçada.
Isto bastou para que a televisão Fox tomasse uma frase do que disse fora de contexto e a acusasse de discriminar os brancos nas suas decisões no Departamento de Agricultura. Acuado, o governo americano a demitiu, e a NAACP também tomou posição contra ela. 24 horas depois, o absurdo da situação se tornou claro, a NAACP pediu desculpas, e o Departamento de Agricultura ofereceu a ela uma nova posição, que ela não sabe se vai aceitar. Os detalhes do caso podem ser vistos no New York Times de hoje.
Duas coisas chamam a atenção nesta história. A primeira é o contraste entre o Estatuto da Raça brasileiro, que pretende colocar as diferenças de raça acima dos direitos das pessoas, trabalhando por uma sociedade segregada racialmente, e a posição da liderança do movimento negro nos Estados Unidos, comprometida com o direito das pessoas, a integração e a eliminaçãoo efetiva das diferenças de raça. A segunda é como a militância a favor da integração é ainda percebida pela extrema direita americana como uma ameaça, manifestada não só pela fraude da Fox, mas sobretudo pela reação amedrontada do governo Obama, que felizmente logo voltou atrás. 

BULLYING

BULLYING

LÉO ROSA DE ANDRADE
Doutor em Direito pela UFSC. Psicólogo e Jornalista. Professor da Unisul.
Site: www.leorosa.com.br

Macacos jovens reúnem-se em bandos, saem às algazarras e agridem outros que encontram em situação desvantajosa pelo caminho. Esses macacos despertam atenção sobre si. Obter atenção, no caso, é vantagem evolutiva: propicia mais acasalamentos. Humanos jovens fazem o mesmo, inclusive lançando mão de recursos tecnológicos. Além de gritos, brigas e agressões em grupo, música em alto volume e veículos barulhentos. Rapazes com esses hábitos ainda são mais sorteados pelas garotas do que aqueles que primam pela elegância para fazer aproximação. Sim, há exceções. Falo do comportamento de massa.
Macacos jovens atacam e surram outros macacos jovens que estejam mais fragilizados. Fazem isso gratuitamente, sem nada aparentemente em disputa. As vantagens evolutivas de manter acuados espécimes de menor vigor físico explicam o comportamento. Macacos evoluídos, os humanos fazem a mesma coisa. Não seria exatamente esse o comportamento que adolescentes reproduzem nos territórios em que se aglomeram? Creio que a esse ancestral procedimento deu-se, agora, o nome de bullying.
Essas atitudes não são as típicas de indivíduos dominantes em competição, nelas não há valentia. Ocorre sempre prevalecimento de valentões sobre vítima em clara desvantagem. É um assédio covarde; se confrontados, os atacantes não se dispõem ao enfrentamento. Não há combate por alguma coisa, há agressão por nada, desencadeada pelo simples fato de o outro estar frágil. Seja como seja, há alguém sendo física e moralmente insultado, não somos macacos e alguma providência deve ser tomada.
Somos civilizados, mas não apagamos nossos conteúdos primitivos. Na adolescência, a referência é o bando. O indivíduo quer se fazer valer perante a turma, de preferência na turma. A intervenção do adulto é segura, institucional, mas humilha o humilhado, comprova-lhe a própria incapacidade, e dá, ao ver do acudido, razão aos agressores. A proteção “externa” impossibilita a imaginada afirmação da identidade do perseguido por ele mesmo. Claro, os devidos esclarecimentos podem ajudar, mas não suprem a condição genética que determina afirmação individual diante do grupo.
Pode-se retrucar com a afirmação de que membros de famílias mais estruturadas provocam menos situações desse tipo. De fato, famílias mais estruturadas civilizam melhor, fornecem mais aportes culturais à formação do indivíduo, enquanto famílias à margem dessas possibilidades deixam brotar com mais facilidade as condições humanas primitivas. O que importa dizer, de toda forma, é que escola acumula adolescentes, como a internet também o faz. Em ambientes em que se aglomerem jovens, mesmo em países com condições civilizacionais avançadas, esses problemas brotarão, porque compõem a condição humana.
Ainda que coisa juvenil, a violência que permeia episódios de bullying é brutal. A família, a escola e o Estado são meios legítimos e relevantes para interferir, proteger, punir. Mas não recuperam a auto-estima da vítima. Tenho comigo, há muito tempo, outro eficiente jeito de arrostar situações dessa natureza. O indivíduo é melhor consigo e com os outros se for um forte; melhor se forte e cauteloso com a própria força. Ninguém merece a condição de vítima: despoja a dignidade, é torturante, com nefastos danos psicológicos. Há o direito de defender-se. As artes marciais são conforto e equilíbrio. Seja gentil consigo, os que as praticam sentem-se muito bem.

Sai na frente quem tem mandato

Sai na frente quem tem mandato
Benefícios de quem ocupa cargo público ajudam, até indiretamente, na campanha
Correio Braziliense

Por mais que a Justiça Eleitoral se esforce para enquadrar a atuação de candidatos que têm máquinas administrativas nas mãos, estruturas de apoio de todos os níveis do Executivo e do Legislativo se fazem presentes na campanha.
As regras que impedem gastos com publicidade institucional, nomeações, abertura de concursos, inauguração de obras e concessão de benesses não tiram do candidato em exercício do mandato uma série de benefícios que os concorrentes não têm, como a utilização de aeronaves, carros oficiais e gastos com verbas indenizatórias, que podem ser atribuídos ao mandato, mesmo durante o período eleitoral.
Travestida como núcleo responsável pela segurança de governadores e de prefeituras, a Casa Militar é apontada como a estrutura de maior importância para chefes do Executivo. Além de elaborar a logística de transporte aéreo e terrestre, a Casa Militar detém os “mecanismos de inteligência”, responsáveis por “adiantar” crises ou movimentos agressivos de adversários políticos.
“Tem a estrutura do governo, a imagem, os cargos políticos, cargos em comissão. É difícil enfrentar uma máquina”, afirma o deputado Albano Franco (PSDBSE), ex-governador de Sergipe.
Além dos jatinhos, dos helicópteros e dos carros, governadores, por exemplo, têm o assessoramento das Casas Civis. As secretarias também facilitam a vida de um governante. Decisões com impacto na vida dos cidadãos, mudanças no tráfego para facilitar comícios e multas por colocação de faixas são atribuições do órgão. O poder de interferência nas secretarias também facilita a organização de eventos que necessitam da atuação de entidades públicas como a polícia militar e de licenças para aglomeração de pessoas. “É desleal concorrer com quem tem a máquina. Mesmo indiretamente, o candidato acaba levando vantagem", afirma o deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), ex-secretário de Transporte do DF.

Mulheres donas-de-casa estão cada vez mais raras em países nórdicos

Mulheres donas-de-casa estão cada vez mais raras em países nórdicos 

Rádio Bandeirantes - 23/07/2010
O correspondente da rádio Bandeirantes na Europa, Milton Blay, informa que ser dona-de-casa se tornou uma vergonha para as mulheres dos países nórdicos. Milton conta sobre o caso de um jornalista sueco, que sem sucesso, tentou encontrar uma dona-de-casa para uma entrevista sobre as mulheres do século XXI. Em países como a Noruega, por exemplo, a profissão dona-de-casa é considerada embaraçosa demais.

Caillebotte - A Bacia em Argenteuil - Gustave Caillebotte (1848-1894)

Lute, para o Hoje em Dia

Mato Grosso do Sul concentra assassinatos de indígenas

Mato Grosso do Sul concentra assassinatos de indígenas

Relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) alerta para a situação dos Guarani Kaiowá, vítimas de mais da metade dos assassinatos em 2009, além de tentativas e ameaças. Violência guarda relação com conflitos fundiários

Por Bianca Pyl  22/07/2010

Pelo quinto ano consecutivo, o estado do Mato Grosso do Sul concentrou a maioria dos assassinatos de indígenas no país. Dos 60 assassinatos registrados em 2009, 33 ocorreram no Mato Grosso do Sul.  Todas as vítimas são Guarani Kaiowácomo no ano passado. Além disso, todos os 19 casos de suicídio se deram no mesmo estado. Os dados fazem parte do Relatório, lançado este mês pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

O estudo destaca o alto índice de suicídio entre os Guarani Kaiowá. "O índice nacional de suicídio é 4.5, ou seja, para cada 100 mil pessoas há 4,5 casos de suicídio. Com 18 suicídios para uma população estimada em 40 mil Guarani Kaiowá, o índice é de 44, quase 10 vezes a média nacional e mais alto do que os mais altos índices nacionais no mundo".
Conflitos fundiários se destacam como causa central para o quadro de violência no Mato Grosso do Sul, avalia a antropóloga Lúcia Helena Rangel, que coordenou a elaboração do relatório. "Às vezes, não há relação direta entre o conflito e o episódio de violência. Mas analisando todas as situações que levantamos em todos os relatórios, vemos que o conflito é a base".
Segundo ela, as mortes de índios Guarani Kaiowá são um problema histórico. "O problema se inicia com a demarcação de oito áreas, lá no tempo do extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI), da década de 1950 pra cá, em que se pretendeu colocar toda a população dentro dessas áreas para abrir espaço para o desenvolvimento econômico", explica. 
A antropóloga, que foi entrevistada para o programa de rádio Vozes da Liberdade, informa que a população Guarani é muito grande, por volta de 45 mil pessoas, e as áreas demarcadas são muito pequenas. "Algumas áreas indígenas estão dentro de fazendas e os índios não conseguem viver do seu modo. Isso gera muitas tensões e conflitos até entre os próprios índios". De acordo com a coordenadora do estudo, existe uma reação contrária à qualquer trabalho que se vise a demarcação de Terras Indígenas (TIs) no estado - tanto por parte dos fazendeiros quanto por parte do próprio governo estadual. "Nos últimos dez anos, houve um aumento na área do agronegócio. Com a cana e a produção do etanol, há uma fome de produção do etanol que não admite respeitar os direitos dessas unidades sociais. Eles querem que os índios acabem, fiquem confinados. Nós consideramos que o caso do Mato Grosso do Sul é de genocídio", complementa.
As comunidades Guarani Kaiowá também foram as vítimas mais frequentes de tentativas de assassinato. Foram oito casos - mais da metade dos 16 casos contabilizados no Brasil todo. Em seis desses casos, há relação direta com a disputa pela terra ou pelos recursos naturais do local. "Exemplo disto é o caso na Terra Yanomami, onde houve dois confrontos entre indígenas e garimpeiros. Outro caso é o incidente ocorrido na T.I. Estação Pareci, no Mato Grosso, que deixou uma pessoa morta e outra ferida, quando uma família pescava dentro da área em litígio com uma fazenda", ilustra o relatório.
A maioria das ameaças de morte registradas (12 entre 19) também tem relação direta com conflitos . Em vários casos, são os caciques das comunidades que recebem as ameaças. Além disso, há casos de prisões arbitrárias de lideranças indígenas. Os estados mais problemáticos neste ponto são Pernambuco e Bahia, assim como Maranhão e Mato Grosso do Sul.  "As lideranças que estão na frente desta luta pela demarcação são perseguidas e incriminadas como se fossem bandidos. Quando recebem uma ameaça, viram os ameaçadores. Lá no Mato Grosso do Sul, quando uma aldeia é atacada por policiais à paisana, que entram atirando, e os índios se defendem, eles acabam presos e não os agressores", relata a antropóloga. 
Em número de assassinatos, a Bahia aparece em segundo lugar, com sete casos. Maranhão, Pernambuco e Rio Grande do Sul tiveram três casos cada. Dois assassinatos foram anotados no Paraná, em Santa Catarina e no Acre. Um indígena foi assassinado em cada um dos seguintes estados: Mato Grosso, Rondônia, Roraima, São Paulo e Tocantins. Das vítimas, 52 eram do sexo masculino, sendo 11 jovens com menos de 18 anos. Há suspeitas, de acordo com o relatório, de que 17 assassinatos foram praticados por indígenas, 9 por não-indígenas. Em 34 casos, a autoria é desconhecida.
Território
Em relação à regularização de TIs, foram registrados, em 2009, 34 casos de omissão e morosidade no processo de demarcação de 62 áreas reivindicadas por comunidades. Só em São Paulo, 15 áreas em processo de identificação estão com atrasos na regularização e 13 ainda aguardam alguma providência dos órgãos competentes. O estudo contabilizou atrasos no Acre, em Alagoas, na Bahia, no Ceará, no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul, em Minas Gerais, no Pará, no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
O processo de demarcação é lento e tem várias etapas. Nem a homologação, teoricamente o passo final, garante a posse da terra. A TI Dourados, no Mato Grosso do Sul, foi homologada em março de 2005, mas ocupantes da área recorreram da decisão e conseguiram uma liminar suspendendo os efeitos da homologação. "Desde então, as 700 pessoas da comunidade aguardam a decisão jurídica final, acampadas precariamente em 128 hectares de terra, sem condições dignas de sobrevivência", exemplifica o relatório. Em 2009, ocorreram 43 casos de invasões possessórias e exploração ilegal de recursos naturais em Terras Indígenas. O documento aponta que os responsáveis pelas invasões foram grileiros, agricultores e pecuaristas. E nos casos de exploração ilegal, madeireiros.
Andamento dos processo de regularização (de 1990 a 2009)*
989
Terras sem providências
324
Registradas
354
Homologadas
44
Declaradas
61
Identificadas
22
A identificar
146
Reservadas
36
Com restrição
02

*Fonte: Cimi
Saúde
Mais de 23 mil pessoas foram vítimas de desassistência na área da saúde, em 39 casos registrados, segundo balanço do Cimi. Só em Rondônia, foram 16 casos. "Os casos registrados denunciam remédios vencidos, infraestrutura precária e imperícia médica, além de falta de transporte para remoção hospitalar, atendimento e medicamentos". Ao todo, 41 indígenas morreram em consequência da falta de atendimento adequado. Segundo Lúcia, há problemas estruturais em quase todo o país. Faltam profissionais, equipamentos, remédios e até transporte para doentes. "Existem situações mais complicadas de grande ameaça de epidemia, como no Vale do Javari (AM). Há grupos isolados, grupos de pouco contato. Há possibilidade de uma epidemias de malária, tuberculose. Há um descaso por parte do governo federal e dos funcionários da área de saúde".
Confira o documento na integra aqui

Skoob

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