segunda-feira, agosto 16, 2010

Moçambique busca igualdade de gênero com novas leis e incentivo à educação

Moçambique busca igualdade de gênero com novas leis e incentivo à educação

15/08/2010 - 08:10 | Elea Almeida e Gabriel Fernandes | Maputo – Opera Mundi
As mulheres em Moçambique vivem duas situações paradoxais na atualidade: por um lado, ocupam 40% das cadeiras no parlamento e um terço dos cargos em ministérios; por outro, não têm voz na sociedade ou incentivo à educação. A porcentagem de analfabetismo entre o gênero feminino é de 68%, enquanto entre o masculino é de 36%.  A participação feminina na política – em cargos de liderança –  é uma das maiores no continente. Contudo, as moçambicanas precisam enfrentar em seu cotidiano uma cultura e sociedade repressiva e machista. 
Um dos consensos entre as organizações não-governamentais é o de que uma emancipação feminina concreta em Moçambique só acontecerá quando as bases de educação forem iguais para ambos os gêneros, o que não se relaciona diretamente com a porcentagem de mulheres no parlamento ou ministérios.  O grande desafio, porém, está em superar as raízes culturais da desigualdade e da falta de valorização da educação para as meninas, parte de um trabalho que deve ser realizado junto à população, em especial nas zonas rurais. 
Maria Elias Jonas, governadora de Maputo: "Quando educada a mulher sabe a importância da educação
O ministério da Educação vem tomando medidas nesse sentido, na tentativa de informar sobre a importância da educação para todos e manter as meninas na escola. “Observamos que muitas garotas não iam à escola porque tinham que buscar água em locais muito distantes. Então, construímos poços nas comunidades. Resolvemos o problema de falta de água e as meninas podem ir à escola”, esclarece o vice-ministro Arlindo Chilundu.  Como consequência disso, uma mãe que teve sua devida formação vai saber da relevância da educação na vida de uma pessoa e não vai deixar a filha ficar fora da escola. Por isso também há um grande incentivo atualmente para cursos de alfabetização para adultos, em especial as mulheres que se viram obrigadas a abandonar os estudos ainda meninas. 
A agricultora Lídia Sitoe, moradora da zona rural da província de Maputo, é exemplo disso, voltando à escola após 48 anos fora. Toda a noite, depois de preparar o jantar para o filho mais velho, desempregado, e mais cinco netos, ela se arruma e vai ao curso de escrita e leitura que é dado na própria comunidade.  “Quando educada a mulher sabe a importância da educação. Caso não tenha estudado não vai dar a mesma importância”, explica Maria Elias Jonas, governadora de Maputo. 
Novas leis
Educação de meninas é chave para a busca de liberdade política e econômica em Moçambique 
Além dos esforços na área de educação, em 2004 foi colocada em vigor a nova “Lei da Família” no país, implementando mudanças essenciais para a vida da mulher. Antes disso, quando a esposa enviuvava, além de perder o marido, fonte de sustento, perdia também o direito sobre os bens, que eram disputados pela família do homem. Sem herança e com acesso restrito ao crédito por discriminação nos bancos, a viúva afundava na pobreza. Agora, o acesso aos bens é garantido pela lei, mas em muitos casos ela não é executada. 
Outra diferença aconteceu na questão do casamento de moçambicanas com estrangeiros. Quando uma mulher se casava com um marido estrangeiro, ela perdia sua nacionalidade automaticamente. Essa situação foi alterada.
 

A nova Lei da Família também dá às mulheres o direito de denunciar violência doméstica e receber proteção, além de estabelecer regras que influeciam o dia-a-dia da vida familiar para dar mais voz às esposas. 

Anteriormente, o marido era visto pela legislatura moçambicana como o chefe da família responsável por todas as decisões referentes à vida de seus membros. Sendo assim, era o único com poder de decisão sobre os bens econômicos, além de ser o único com poder de decisão na criação dos filhos. A mulher não podia, por exemplo, matricular seus filhos na escola ou deixá-los de castigo sem a permissão do marido, segundo a lei. O homem tinha inclusive o direito de quebrar o contrato de trabalho da mulher com a empresa onde ela trabalhava se assim julgasse melhor. 
Com os esforços unidos do governo moçambicano, as organizações estrangeiras e nacionais e a sociedade civil, a situação feminina vai se transfigurando aos poucos, sempre perseguindo o objetivo de dar igualdade de voz não só nas questões referentes à criação dos filhos e à vida conjugal, mas também na sociedade e decisões políticas.  “Uma coisa é liberdade política, outra é a liberdade econômica da mulher, que passa necessariamente por intensificar o acesso da mulher à educação. Um trabalho para a emancipação completa da mulher vai levar muito tempo”, reforça Ana Rita Sithole, deputada já em seu quarto mandato. 

Duke, hoje no Super Notícia (MG)

Onde estão as grandes ideias?

Gaudêncio Torquato
Quem se lembra de uma ideia impactante apresentada por um dos candidatos à Presidência da República? Ou quem, entre os 3% dos telespectadores que assistiram ao primeiro debate entre os candidatos, na TV Bandeirantes, se recorda de uma proposta inovadora, crível e viável, capaz de chamar a atenção e gerar interesse pela originalidade, expressa por um dos quatro participantes? É possível que alguém lembre a fala de um deles, Plínio Sampaio, mais pelas ironias do que pela densidade das ideias. O fato é que a campanha, sob o prisma do discurso e da mobilização social, não conseguiu, até o momento, empolgar plateias, seja por ausência de novidade, seja pela sensação de que os escopos mais parecem uma teia de retalhos e fragmentos, dispostos um ao lado do outro sobre o pano de fundo de nossa realidade. É inconcebível que áreas vitais como saúde, segurança, educação ou as polêmicas temáticas sobre as reformas (política, previdenciária, tributária e trabalhista) não tenham merecido, até o momento, visão diferenciada de blá-blá-blás e bordões escondidos na frouxa promessa “vamos continuar isso e aquilo, fazer mais e melhor”.
Nos últimos tempos as campanhas ganharam novos adereços, trazidos pela engrenagem da tecnologia da informação e sob o empuxo do Estado-espetáculo, onde os atores procuram esmerar-se na cosmética. Patinam, porém, nos campos da semântica e da mobilização das massas, haja vista a declamação de uma linguagem tatibitate, que mais se aproxima da superficialidade que da argumentação consistente. É provável que a mensagem ligeira e represada expresse a cultura dos formatos burocráticos dos debates televisivos, quando os candidatos são comprimidos entre tempos rígidos para respostas. Mas campanha eleitoral deve ser o espaço por excelência para escancarar a locução. Os proponentes precisam se preparar para desfilar soluções originais e criativas sob orientação de equipes especializadas. Não é o que se vê. Os programas eleitorais, com início na próxima terça-feira, produzirão a liturgia de glorificação dos candidatos, que serão expostos de maneira exuberante. Ornatos, profusão de cores, flagrantes de ruas e pedaços da vida de cada personagem terão mais força que os conteúdos das propostas, arrematando o preceito de McLuhan: “O meio é a mensagem.”
Da naturalidade das ruas para o artificialismo dos laboratórios do marketing – eis a mudança nas feições das campanhas. Abertas, emotivas, participativas tornaram-se fechadas, frias, racionais. Voltemos a 1950, quando Getúlio Vargas fez uma das mais brilhantes campanhas da história eleitoral. Intercalava o ideário abrangente com um discurso para cada canto. Em 10 de agosto, em São Paulo, por exemplo, pronunciou um discurso versando sobre o poderio da terra bandeirante, o dever da União para com o Estado, o saneamento financeiro do País, as diretrizes para uma política industrial e as bases do trabalhismo, concluindo com a exaltação do vínculo entre democracia política e democracia econômica. Ali se descrevia o estado da Nação. Regiões e cidades recebiam uma palavra específica, com diagnóstico e solução para os problemas. Ali estava o conceito de descentralização. Na peroração de São Borja, em 30 de setembro, passava a receita do sucesso: “Da vastidão amazônica a estas fronteiras meridionais, das populações de beira-mar às do Brasil central, o povo me acolheu carinhosamente, e mais me falou dele do que eu de mim, transmitindo-me as suas queixas, as amarguras e dificuldades atuais.” Ouvir o povo, eis o mote.
Juscelino Kubitschek, na campanha de 1955, fez seis viagens pelo País, percorrendo 168 municípios num DC-3, equipado com escrivaninha e cama, e adotando a mesma estratégia de Vargas, a de combinar temas gerais com específicos. Os roteiros cobriam cidades e capitais próximas, o que permitia a Kubitschek conhecer e estudar as questões regionais. Grupos de mobilização puxavam o povo para as ruas. “Batedores”, jovens políticos animados, em peregrinação prévia, faziam reconhecimento do terreno, captando reivindicações, preparando relatórios e arrumando cenários para as concentrações. A campanha de rua arrastava multidões. Os comícios terminavam sempre com perguntas formuladas por ouvintes, em “diálogo com o povo”. Foi assim que o mineiro, ancorado em inseparável sorriso, descobriu a entusiástica reação popular ante a promessa de transferir a capital da República do Rio para o Planalto Central. A novidade deu-lhe um bom diferencial. As temáticas, entremeando situações nacionais e locais, tinham como foco o desenvolvimentismo, a partir das áreas de energia e transportes, com textos elaborados por figuras tarimbadas, como o poeta Augusto Frederico Schmidt, o romancista Autran Dourado e os jornalistas Álvaro Lins, Horácio de Carvalho e Danton Jobim, entre outros.
Mas o sistema eleitoral, é oportuno dizer, favorecia o coronelismo. Cédulas eram produzidas pelos próprios candidatos e distribuídas pelos cabos eleitorais. O eleitor também as encontrava no local de votação. Chapas de adversários dos coronéis eram retiradas das urnas. Os eleitores recebiam envelopes com “o voto certo”. (Eis uma historinha da época: “Coronel, em que estou votando?” Resposta áspera: “O voto é sigiloso, cabra, não é de sua conta.”) Nesse terreno, o País avançou, e muito. O domínio dos caciques decresce, apesar de ainda forte em algumas regiões. Mas nas áreas do discurso e da mobilização das massas há muito por fazer. A descrença e a desmotivação do eleitorado, a pasteurização ideológica, o declínio dos partidos e o distanciamento entre o arco político e a esfera social estão por trás do artificialismo das campanhas eleitorais. Mesmo assim, poderiam ser mais vivas. Bastaria a cada candidato colher sementes na seara do conhecimento e passar a oferecer propostas viáveis e de alto nível. Está na hora de deixar de lado o ramerrão. Sob pena de continuarmos a ver candidato iconoclasta sair aplaudido nos embates da TV. Quanta falta faz uma grande ideia.

(“O Estado de S. Paulo” – 15/08/2010)

Nani Humor

Arredondando o debate sobre o BNDES

Arredondando o debate sobre o BNDES
Luiz Carlos Mendonça de Barros
VALOR ECONÔMICO
Na coluna do mês passado - O Ovo da Serpente - (02/07) fiz algumas reflexões sobre a forma de atuar do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nestes últimos anos. Desde então tivemos um intenso debate sobre essa questão na mídia brasileira. Inclusive a revista "The Economist" dedicou um longo espaço - para os padrões dessa importante publicação - para repercutir o tema. O próprio Valor publicou detalhada matéria sobre as operações mais recentes desse banco público. Creio ser oportuno voltar a esse debate, com algumas considerações que são importantes para que se faça um julgamento isento.
Em primeiro lugar é preciso entender que o BNDES é um banco público e que, em seu estatuto, está estabelecido ser sua função realizar operações de crédito que viabilizem os objetivos do governo federal. Por isso, em seus quase 60 anos de vida, sempre buscou seguir as orientações oficiais, ressalvados os limites estabelecidos pela boa prática bancária e a preservação do capital da instituição. Outros limites de sua ação derivam de valores intrínsecos à democracia brasileira, como a transparência de suas operações, a impessoalidade de suas decisões e a legalidade de seus atos.
O BNDES tem como fontes principais de recursos o capital próprio da instituição, acumulado ao longo de várias décadas, e parte da arrecadação do chamado Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Criado na Constituinte de 1988, o FAT é o mecanismo que suporta o apoio financeiro ao trabalhador brasileiro desempregado. Como todo fundo dessa natureza, seus recursos são aplicados para gerar renda para financiar seus gastos. A destinação de 40% de sua arrecadação para o BNDES tem, além desse objetivo, também o de estimular o crescimento da economia e do emprego via o financiamento de investimentos produtivos.
Os recursos do FAT são limitados e aplicados a taxas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em níveis bem abaixo do mercado bancário privado e mesmo da Selic. Esse fato tem levado à crítica de que existe um subsidio implícito nessas operações. Mas é preciso entender que o subsídio neste caso é suportado pelas empresas que recolhem o tributo e pelos trabalhadores desempregados que poderiam ter um apoio mais elevado, se o FAT recebesse os juros iguais à Selic por exemplo.
Entretanto a racionalidade de juros mais baixos para que o BNDES seja capaz de estimular investimentos produtivos e aumentar o emprego, que é a base do sistema atual, me parece correta. Principalmente porque ainda não temos no Brasil um mercado de capitais capaz de realizar operações de prazos mais longos. Somente agora a colocação de bônus em dólares no exterior tem permitido uma margem maior de manobra pelas empresas brasileiras. Mas, independente dessas questões, as operações do FAT a juros mais baixos não geram prejuízos ao Tesouro Nacional. Isso é um fato.
Com a expansão dos investimentos nos últimos anos, principalmente em novas áreas como o chamado pré-sal, essa sensação de escassez de recursos ficou ainda mais forte. O presidente Lula aproveitou a crise econômica que vivemos em 2009 para aumentar o orçamento de crédito do BNDES com a alocação de quase R$ 200 bilhões em títulos federais.
Essa decisão rompe com a tradição de independência financeira da instituição com relação ao Tesouro e que prevaleceu nos últimos 22 anos. Da forma como foi operacionalizado esse canal financeiro, passa a haver um mecanismo de subsídio direto do Tesouro ao setor produtivo, seja ele privado ou público, sem discussão mais ampla na sociedade. Inclusive foi levantado um questionamento legal sobre não estar esse subsídio explicitado no Orçamento Federal aprovado pelo Congresso.
Uma segunda mudança radical na ação do BNDES foi a introdução em suas prioridades, também sem a necessária discussão pública, de um programa de apoio para a criação de grandes grupos nacionais para que sejam atores internacionais importantes. Essa visão faz parte das ideias de um grupo de economistas vinculados ao PT e que acham necessário um redesenho do capitalismo brasileiro, chamado por eles de Capitalismo Tardio.

Nesse programa já foram aprovadas vultosas operações de crédito para a consolidação de uma grande empresa de telecomunicações com capital nacional e de um grande frigorífico de carnes de dimensão mundial. Sabemos também que existe um projeto de estimular a fusão de laboratórios nacionais para a criação de uma empresa capaz de concorrer com os grandes gigantes americanos, suíços e ingleses.
Reafirmo que o governo tem direito de introduzir mudanças nas prioridades do BNDES, por mais megalomaníacas e irracionais que pareçam, mas tem que atender duas condições básicas da democracia: transparência nos seus objetivos e respeitar as críticas que eventualmente venha receber. Não me parece que isso esteja ocorrendo nessa mudança de rumos da forma de trabalhar do BNDES. A direção do banco nunca explicitou de forma clara suas ideias, objetivos e prioridades na criação dos chamados atores internacionais. E, quando questionados sobre as operações já realizadas, a reação é sempre agressiva e pouco esclarecedora.

Luiz Carlos Mendonça de Barros, engenheiro e economista, é diretor-estrategista da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações. Escreve mensalmente às segundas-feiras.

Amorim, para o Correio do Povo

Tony Judt - (1948-2010)

Tony Judt - (1948-2010)
Um intelectual sem medo de fazer críticas
Ivan Martins – época
Em 11 de fevereiro deste ano, o historiador britânico Tony Judt - Judt, fotografado em Madri, em 2006 - publicou, na revista The New York Review of Books, um texto em que se dizia “livre para contemplar, com mínimo desconforto, o progresso catastrófico da minha própria destruição”. Ele sofria, havia dois anos, de uma doença degenerativa incurável chamada esclerose lateral amiotrófica. Ela destrói os neurônios motores e provoca paralisia gradual de todos os músculos. “Tornei-me um monte de músculos mortos que pensa”, disse. Judt morreu em Nova York no último dia 6 de agosto. Tinha 62 anos.
Os brasileiros reconhecerão seu nome por dois livros: Pós-guerra, uma história da Europa desde 1945, publicado em português em 2008, e Reflexões sobre um século esquecido, deste ano. O primeiro é um catatau de 1.000 páginas, espantosamente erudito, que pôs seu autor na relação restrita dos grandes historiadores europeus. O segundo é uma coleção de ensaios corrosivos em que ele dispara, à esquerda e à direita, contra seus alvos favoritos: a ortodoxia, o fanatismo, a amnésia histórica e o oportunismo político. Muito antes disso, ele já se distinguira, como acadêmico e como polemista, na Europa e nos Estados Unidos, pela vastidão de sua cultura, por sua mente poderosa e por seu caráter ferozmente independente. “Poucas pessoas no mundo anglo-saxão podem chamar a si mesmas de ‘intelectuais’, como se faz no continente europeu, sem se sentir meio estranhas”, escreveu a revista The Economist. “No caso de Judt, a palavra merecia um I maiúsculo.”
Criado num bairro judaico do sul de Londres, Judt entrou na Universidade de Cambridge por convite, em meados dos anos 1960, antes mesmo de prestar seus exames finais no colégio. No início do curso, explodiu a Guerra dos Seis Dias, em Israel, e o jovem sionista saltou no primeiro avião e passou o conflito como intérprete. Voltou da guerra menos entusiasmado com o país fundado por Ben Gurion. Com o passar dos anos, se tornaria crescentemente crítico em relação ao tratamento dado aos palestinos e ao comportamento do lobby pró-Israel nos Estados Unidos, para onde se mudou definitivamente em 1987. Um artigo de 2003, no qual escreveu que Israel se tornara “um Estado étnico, beligerantemente intolerante e guiado pela fé”, lançou-o no centro de uma tempestade ideológica. Judt, tipicamente, pareceu não se importar. “Fora da Universidade de Nova York, sou considerado um esquerdista maluco e um judeu que odeia judeus”, afirmou. “Gosto disso. Faz com que me sinta confortável.”
A mente continuava ágil, embora prisioneira
de uma cela que encolhia 15 centímetros por dia
A aparente contradição de suas posições nunca o inibiu. Os amigos dizem que exigia de si mesmo criticar os grupos a que sentia pertencer. Orgulhoso de sua herança judaica, indispôs-se com Israel. Socialista até o fim da vida, denunciou sem trégua o stalinismo e seus simpatizantes. Europeu até a medula, polemizava com a burocracia da União Europeia, que considerava antidemocrática. Escolheu viver nos Estados Unidos sem abrir mão de atacar George W. Bush ou Barack Obama. Escreveu como ninguém sobre a covardia dos intelectuais franceses diante do nazismo e do stalinismo, embora fosse um francófilo apaixonado.
Nem a doença conseguiu silenciá-lo. Até perto do fim, Judt continuou ditando artigos, dando entrevistas e fazendo palestras. Movia-se numa cadeira de rodas, articulava as palavras com dificuldade e precisava de um respirador artificial para se manter vivo, uma vez que sua musculatura respiratória, assim como a do resto do corpo, deixara de funcionar. Mesmo assim, era capaz de entreter um auditório por 15 minutos, sem o auxílio de anotações. A mente continuava ágil, embora, para usar sua metáfora favorita, fosse prisioneira de uma cela que encolhia 15 centímetros por dia. O corpo. Seus últimos ensaios, curtos, foram dedicados a descrever em minúcias os sintomas da doença e a lembrar, de forma pungente, passagens da infância na Londres dos anos 1950. Impedido de se mover, mas não de sentir incômodos físicos, ele passava as noites lembrando e refletindo. Recusava o conforto do autoengano. “Os prazeres da agilidade mental costumam ser superestimados, sobretudo por aqueles que não dependem apenas deles”, escreveu. “Perdas são perdas, e não se ganha nada em chamá-las por outro nome.” Intransigente, até o final. 

Miran, para Charge Online

Corações de pedra (1)

Corações de pedra (1)

11.08.2010 - 1:21pm  (*) Roberto Romano da Silva
“Jesus foi para o Monte das Oliveiras : “…escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. (…) E, como insistissem (…) disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. (…) Quando ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos” E perguntou Jesus : “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais. (Evangelho de João, 8).
“Qui sine peccato est vestrum, primus in illam lapidem mittat”. No caso do apedrejamento anunciado no Irã, precisamos examinar a lei que o sanciona. A lapidação por adultério foi instituída após o advento do Corão. No livro santo o castigo é menos severo do que no Levítico do Antigo Testamento. “As que cometem adultério entre vossas mulheres, deveis apresentar quatro testemunhas dentre vós contra elas. Se testemunharem, então deveis manter tais mulheres em suas casas até que morram, ou até que Deus crie uma saída para elas”. (Corão, 4:15). E também: “O casal que comete adultério deve ser punido. Se houver arrependimento e mudança, deveis deixá-los sozinhos. Deus é redentor, o mais misericordioso “. (Corão, 4:16).
No Paquistão de hoje ocorrem debates para saber se a lapidação seria castigo para o crime de adultério . Os enunciados em Shariat federal indicam que 100 chibatadas, sem lapidação, é a pena. Na Líbia são discutidos os castigos, com medidas diversas. (Disy Hilse Dwyer (ed): Law and Islam in the Middle East. New York, Bergin & Garvey. 1990).
No Irã a revolução afastou o corrupto e sanguinário Reza Pahlevi. O povo festejou o retorno aos ditames religiosos integrais. Logo o clero mostrou rosto sombrio. Hoje o país sofre sob aiatolás e também é vítima de milícias truculentas. Na lei penal assumiu força a lapidação e outras penas brutais. A Constituição de 1979 manda que os juízes impeçam “a execução de qualquer decreto governamental, se for provado que ele é contrário à lei islâmica e a seus mandamentos”. Tal direito pode ser exercido por qualquer juiz ou corte inferior. Em Shiraz (1982) um clérigo sem jurisdição na cidade, e sem ler as evidências e anotações dos juízes locais, mudou penas de prisão, aplicadas por cortes competentes, em sentenças de morte, as executando. O magistrado que deu as primeiras sentenças reclamou com o líder máximo, Khomeini. Não atendido, pediu demissão. O caso se repetiu a cada novo dia.
Penas cruéis foram “aprimoradas” por Khomeini. Açoitar jovens em público, apedrejar adúlteras até a morte se transformou em hábito. No seu tratado “Velayat-e-Faghih” escreve Khomeini: “Punir um bebedor com oitenta chibatadas em público se justifica, porque a maioria de nossas calamidades como acidentes de trânsito, suicídios e vicios em drogas vêm à tona em instantes de embriaguez”. E argumenta: “apedrejar uma adúltera solteira é o método mais eficaz contra a fornicação, abominação e corrupção”. (Cf. Ruhullah Khomeini, “Velayat-e-Faghih” ou “al-Hukumat al-Islamiyah” (1974). Seleções do livro traduzidas por Tareq Y. Ismael : “Iraq Iran Conflict” (Syracuse: Syracuse University Press, 1982). Para mais informações seja lido o espantoso “Spirit Matters: The Worldwide Impact of Religion on Contemporary Politics”, Richard L. Rubenstein (ed.) (NY, Paragon House, 198 7). E também “Reformers and Revolutionaries in Modern Iran: New Perspectives on the Iranian Left”. Stephanie Cronin (Ed.), NY, RoutledgeCurzon. 2004.
Jesus e o Corão ensinam misericórdia. É nauseante ler cartas de leitores “cristãos” que julgam normal o apedrejamento de um ser humano. Seus corações são mais pétreos do que os objetos a serem jogados contra a carne frágil de Sakineh Mohammadi Ashtiani. Entendemos a causa de tantas mulheres serem espancadas, no Brasil: covardia impiedosa não tem crença ou lugar.

Newton Silva, para O Jangadeiro Online

Plínio e os meninos do Santos

Plínio e os meninos do Santos
Luiz Werneck Vianna - VALOR ECONÔMICO
Não se trata de mais uma entediante metáfora futebolística, mas esse último jogo da seleção brasileira dá no que pensar. Depois dos jogos da Copa do Mundo em que nosso time, apesar de se mostrar aguerrido, evoluía pelos quatro cantos do campo sem a menor imaginação, na expectativa de que a sorte viesse a lhe sorrir, quem sabe em uma bola parada ou em erro do adversário, o que se assistiu na terça-feira, passado apenas um mês da nossa participação naquela infausta competição, foi como que uma confissão pública de um equívoco monumental. Apesar de enfrentar, em território do adversário, uma seleção americana formada há anos, de belo desempenho na África do Sul, nossos jogadores fluíam no gramado leves e soltos, sem perder de vista o objetivo crucial do jogo, o gol, fazendo do oponente um mero espectador de suas evoluções em campo.
Qual a mudança que transformou o comportamento do nosso time? A entrada de novos jogadores, antes descartados, certamente foi um fator, mas não deve explicar tudo, porque, antes da intervenção de novos pés, parece ter sido decisiva a da cabeça, com a adoção de uma nova concepção de jogo, que veio a valorizar as características de improviso e de inovação tradicionais à nossa cultura futebolística. A comparação com o quadro melancólico da sucessão presidencial em curso parece se impor, com esse desfile monótono de candidatos, como se fossem ventríloquos de marqueteiros, embora senhores (e senhoras) de fortes personalidades e cada qual com um histórico expressivo de realizações na vida pública.
A explicação é conhecida: dada a popularidade do governo Lula e a noção de que haveria um sentimento de satisfação com o estado de coisas reinante, o mote dessa campanha deveria se centrar nos temas da continuidade e do aperfeiçoamento de políticas em andamento. Tal diagnóstico recomendaria, segundo especialistas em marketing eleitoral, uma atitude de contenção por parte dos candidatos nas manifestações de suas convicções, produzindo o resultado, até agora inquestionável, de que se tornassem semelhantes entre si.
Ocorre, entretanto, que, nos debates organizados pela rede de TV Bandeirantes, o candidato que melhor atraiu a atenção do público comportou-se fora desse script, relembrando o seu desempenho, pela ênfase e comunicação expressiva de suas convicções, memoráveis momentos de um passado político nem tão remoto assim. Última imagem com futebol: Plínio atuou como um dos meninos do Santos que derrotaram a seleção americana, como se estivesse entre os burocráticos jogadores que disputaram a Copa.
Sem discussão, contudo, o viés anacrônico de certos posicionamentos do candidato do PSOL, mas esse senão não é um bom motivo para ignorar que ele trouxe à sucessão a questão da igualdade como nenhum outro, sem os subterfúgios das políticas de foco à moda de um neoliberalismo enrustido tão em voga. O fundamento último da República não é outro senão o da igualdade, pois o mundo dos desiguais é o dos principados, cujo melhor destino possível é contar com condottieri virtuosos que se façam amar por suas obras e feitos pelo seu povo, que delas usufrui como o camponês dependente do regime do clima, olhando para o céu a esperar pelas chuvas. Mas a sorte mais comum dos principados é a de estarem os muitos sujeitos à discrição de uns poucos, às vezes de um só, em sistemas despóticos que a política moderna aprendeu a camuflar no interior de aparências apenas formalmente democráticas.
Nesse sentido, está certo o candidato Plínio, diante do silêncio dos demais, em levantar o tema da democratização da terra, que, desde a nossa hora inaugural, nos condenou à desigualdade com uma história de latifúndios que criou a "ralé de quatro séculos" dos moradores de favor, base da cultura da dependência da multidão dos homens do campo, e que, com a queda do Império, se traduziu no sistema do coronelismo que contaminou os inícios da nossa vida republicana e ainda está por aí.
Trazer o tema da terra para o centro do debate político, nas condições de hoje da sociedade brasileira, importa, preliminarmente, reconhecer que não há boa solução fora dos princípios e das instituições da Carta democrática de 1988, filha das lutas por liberdade dos brasileiros. Importa, ainda, reconhecer que se deve procurar uma via de compatibilização entre o agronegócio, uma das vigas mestras da moderna economia brasileira, a defesa do meio ambiente e uma política agrária de estímulo e expansão da agricultura familiar, a qual deve ser objeto de uma política específica de distribuição de terras, tanto pelos seus efeitos benéficos à economia, como, talvez sobretudo, pela sua intrínseca capacidade de democratizar a sociedade e a política.
Não há como fugir do diagnóstico: sem igualdade não teremos a República para a qual nos orientam os melhores impulsos da nossa história. Sem ela, o movimento que hoje, na esteira da expansão da fronteira do capitalismo brasileiro, nos empurra para o mundo exterior, liderado por empresas e negócios que florescem à base da nossa abissal desigualdade social e de uma crescente centralização e concentração de capitais, longe de nos aproximar do modelo de uma República democrática pode, ao contrário, nos avizinhar da República dos doges em Veneza, ou, para quem preferir uma comparação mais moderna, da belicosa República americana dos nossos dias.
Luiz Werneck Vianna é professor-pesquisador do Iesp-Uerj. Ex-presidente da Anpocs, membro do seu conselho institucional. Escreve às segundas-feiras

De Frente com Gabi - Roberto DaMatta - 24/07/10

Reflexões sobre a História

Reflexões sobre a História
Um revolucionário bolchevista estava falando de cima de um caixote para uma pequena multidão em Times Square, NY. Após descrever as maravilhas do socialismo e do comunismo, ele disse: “— A revolução virá, e todos comerão pêssegos em calda com creme de leite.” Um velhinho que estava na parte de trás da multidão gritou:“— Eu não gosto de pêssegos em calda com creme de leite.” O bolchevista refletiu por alguns instantes e então respondeu: “— A revolução virá, camarada, e você aprenderá a gostar de pêssegos em calda com creme de leite.“.
Autor desconhecido, contada por G. Edward Griffin

Fidel Castro, Lula e a “Faixa de Gaza”

Fidel Castro, Lula e a “Faixa de Gaza”

16.08.2010 - 10:48 am  (*) Ipojuca Pontes
O jornal “O Globo” tem um fascínio todo especial pelo ditador cubano Fidel Castro, a quem trata, habitualmente, por “El Comandante”. De fato, não se passa uma semana, ou quinzena, sem que os entusiastas de Fidel, acantonadas no jornal dos irmãos Marinho, deixem de assegurar espaço para acomodar, com boa dose de simpatia (e alguns senões), a figura do sinistro ditador cubano.
Na edição de 08/08/2010, “El Comandante” aparece em foto discursando na Assembléia Nacional de Havana para uma platéia, segundo o jornal amestrado, “lotada”. Na matéria, “O Globo” desce a detalhes e informa que Fidel, trajando uniforme verde-oliva, falou apenas doze minutos, quem sabe nostálgico dos tempos em que discursava por mais de dez horas consecutivas para multidões que viviam, ontem como hoje, obrigadas a ouvir os seus sermões sob pena de severos castigos (entre os quais, por exemplo, o de sofrerem confisco nas cotas mensais de alimentos anotados nas célebres “cadernetas”).
Embora tenha discursado por pouco tempo, Fidel continua obcecado pelo fantasma do “imperialismo ianque” que, a bem da verdade, agora sob o manto de Barack Obama (tido como um traidor por boa parte da população norte-americana), nem de longe representa o temível império de outras eras (haja vista os insultos sistemáticos que recebe do desclassificado coronel Hugo Chávez, sem esboçar a menor reação).
Na sua charla psicótica, Fidel alerta o mundo contra uma provável guerra atômica, a cair dos ares caso os Estados Unidos ataquem o Irã e o seu criminoso programa nuclear – uma guerra, de resto, capaz de deixar o Drácula do Caribe feliz como pinto no lixo.
Fidel Castro completou 84 anos neste dia 13 de agosto. É uma vida malsinada, repleta de larga soma de crimes e malefícios (mais de 120 mil mortos), a começar pela ruína moral e material a que submeteu o seu pobre povo. (A propósito, convém lembrar que a filha de Fidel, Alina Fernandes, no seu livro de memórias, declara que na adolescência sofria pelo temor de herdar os maus instintos da família paterna, cujo avô, Angel Castro (pai de Fidel), não passava de um renomado sicário).
Há algum tempo, por ser inútil, já tinha feito uma promessa de não mais gastar tempo e papel com o mentor (juntamente com Luiz Inácio) do Foro de São Paulo. No entanto, diante de sua “ressurreição”, em má hora promovida pela mídia amestrada, é de bom alvitre, à guisa de lembrete, amaldiçoá-lo ainda uma vez:
- Vade Retro, satanás!
2 - NO BRASIL, quando o cidadão imagina que já viu de tudo, sempre aparece mais uma. Está circulando pela internet um vídeo extraordinário, que anda fazendo furor. Ele foi distribuído por um blogueiro do Rio de Janeiro chamado Ricardo Gama.
O vídeo foi rodado na base da câmera oculta, “pegadinha” típica, durante uma visita de Lula e o governador Sérgio Cabral ao Conjunto Habitacional Nelson Mandela, em Manguinhos, Rio de Janeiro, território conhecido pelo nome de “Faixa de Gaza”, onde funcionam tráficos de droga e armas.
Lula e Cabral, bem nutridos, cheios de empáfia, aparecem cercados por dezenas de policiais e aspones, quando se estabelece o instrutivo diálogo entre as duas genuínas autoridades populistas e um garoto, negro, de nome Leandro, morador local. A refrega, um quase interrogatório, no qual o garoto enfrenta os dois inquiridores, prima pela virulência. Leia a transcrição:
Cabral: … Vai ver nem joga futebol…
Lula: (interrompendo, em tom grosseiro) Não, não, não, não. Esquece. Qual é teu esporte, porra?…
Garoto negro: (em tom amistoso) É tênis.
Lula: E por que você não treina, porra?
Garoto negro: Porque aqui não tem tênis.
Lula: (mais agressivo) Tênis é jogo pra burguesia, porra… Me diz uma coisa… e natação?
Garoto negro: (sem pestanejar) A gente não pode entrar na piscina.
Cabral: (irritado) Por quê?…
Garoto negro: (conclusivo) Porque não abre para a população.
Cabral: (vulgar, de olho em Lula) Que não abre pra população, rapaz!
Garoto negro: (firme) Eu já fui lá perguntar. Não senhor, não abre. Pergunte por ai.
Há um clima de estupor geral. O diálogo (quase interrogatório) é travado sob um sol brabo. Lula, esbaforido, já esquentado, volta-se para Sérgio Cabral e para o Secretário de Obras do Estado, Ítalo Moreno, que fica mudo.
Lula: (dedo em riste) No dia que a imprensa vier ai e pegar num final de semana essa porra fechada o prejuízo político será infinitamente maior do que se pegar dois guardas e botar pra tomar conta. (Baixando o tom) Coloca aí dois bombeiros…
Mas o Garoto negro não dá refresco. No mesmo diapasão, volta-se para as duas autoridades populistas – o presidente e o governador:
Garoto negro: E a gente já acorda de manhã com dois “Caveirão” na nossa porta. Eu tenho um vídeo meu… se achar aqui… “Caveirão”, sim…
Cabral: (nervoso, falando aos borbotões, atropelando as palavras, irônico) E o tráfico… E o tráfico?… Não tem tráfico na tua rua?… Não tem troca de metralhadora?…
Garoto negro: Na minha rua, não. Eu não consumo.
Cabral: Não tem não, né?…
Garoto negro: Ter, tem. Mas eu não comparticipo… eu não comparticipo… eu moro aqui, gente … é a “Faixa de Gaza”…
Cabral: (engrolando as palavras, por trás de um Lula congestionado): Você diz que não é otário… pra fazer discurso de otário… Que é isso, cara?…
Voz de aspone: Como é teu nome?
Garoto negro: Meu nome é Leandro.
Cabral: Oh, tu não me engana, não! Bota essa inteligência pra estudar, seu sacana.
Garoto negro: Eu vou para a escola técnica…
Cabral: Leandro… vai estudar, cara.
Garoto negro: Eu vou para a escola, sempre.
O vídeo disponível no YouTube é irresistível. Diante dele presenciamos uma cena que reúne, a um só tempo, medo, hipocrisia, cinismo, prepotência, oportunismo, tensão nervosa, estupidez, além do excepcional comportamento de um garoto de comunidade que leva ao pânico um presidente da República inconsciente e um governador de Estado moralmente acovardado.
Conclusão: Se quiserem, de agora em diante as populações faveladas já têm como desmascarar a demagogia dos políticos em tempo de eleições: o apelo à câmara oculta, uma arma letal para se flagrar a dura tessitura da vida real!

Skoob

BBC Brasil Atualidades

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