sexta-feira, outubro 22, 2010

Os ânimos acirrados e o câmbio

Os ânimos acirrados e o câmbio
Maria Cristina Frias - Folha de S. Paulo - 22/10/2010
O Real é uma das moedas mais valorizadas do mundo, governo e mercado travam guerra cambial e há cada vez mais claras pressões para que o próximo presidente, seja a cor que tiver, segure o crescimento da economia.
O Brasil de 2011 não vai despenalizar o aborto nem colocar na cadeia as quadrilhas que se movem no submundo dos partidos, mas dificilmente escapará de um corte de gastos.
A generosidade exibida pelos candidatos não coaduna com o cenário que se avizinha, mas o debate eleitoral insiste em ignorar o Brasil que virá. Como a pauta religiosa emite sinais de esgotamento, o tema da corrupção volta à tona com avidez suficiente para produzir imagens que deixem o resultado indefinido até a última hora.
A ausência de uma discussão substantiva sobre os rumos da política econômica ajuda a entender por que esta campanha produz asco em abundância, além de bolinhas de papel e balões de água. Um eleitor que não sabe como ficarão os reajustes do salário mínimo e da Previdência nem as medidas para conter a farra cambial externa também é tentado à radicalização de ânimos, como se viu nos últimos dias na campanha de rua de ambos os candidatos.
Depois que a escarradeira for tirada da sala é que a seriedade vai poder, finalmente, reinar. Os políticos sairão de cena para entrar os ministros, economistas e empresários. A política, já suficientemente desmoralizada na mediação de interesses, dará lugar à razão do mercado.
O Brasil faz sua primeira eleição presidencial desde a grande crise financeira mundial, mas o fato de o país ter escapado mais ou menos ileso parece ter aprofundado o divórcio entre interesse público e mercado.
Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, Jessé Souza é um pensador radical, dedicado ao estudo desse divórcio. Vê uma campanha catastrófica em curso.
Em livro recém-lançado ("Os batalhadores brasileiros: nova classe média ou nova classe trabalhadora?" UFMG, outubro/2010) refuta a ideia de que o Brasil está prestes a se tornar um país de molde europeu com classe média dominante.
Dedicou seus últimos quatro anos a pesquisas empíricas junto aos emergentes. Concluiu que esses brasileiros cumprem jornadas diárias de 10 a 14 horas, têm dois ou mais empregos de dia e estudam à noite. Vivem para trabalhar e consumir um pouco daquilo a que não tinham acesso antes. Ao contrário da maioria dos pobres, que Souza chama provocativamente de ralé, essas pessoas vêm de famílias estruturadas sob a ética do trabalho duro e da perseverança. Têm pouco capital cultural incorporado e cultivam estilo de vida e padrão de consumo que mais os assemelham à mão de obra superexplorada da China e da Índia do que à classe média brasileira estabelecida.
Jessé Souza acha precipitada a conclusão de que os emergentes são suscetíveis à manipulação efetiva de suas crenças. Diz que a exploração de preconceitos religiosos segue a cartilha da novelização da política que retrata um país dividido entre mocinhos e bandidos.
Vê a infantilização do debate político como decorrente de um Estado demonizado como politiqueiro e corrupto por um mercado virtuoso. Atribui a essa dicotomia a matriz do debate público viciado. A corrupção estatal, aqui e alhures, tem como base interesses privados em que o noticiário da escandalogia sempre esbarra. Só para ficar nos escândalos da hora: Erenice Guerra caiu na boca do povo, mas dificilmente o leitor será capaz de citar o nome de uma única empresa beneficiada pelo tráfico de influência montado pela ex-ministra e por sua família no governo.
O combustível da dicotomia entre o Estado corrupto e o mercado eficiente, diz Souza, é a divisão da riqueza nacional entre os ganhos de capital (70%) e salários (30%). Os dois finalistas da disputa presidencial filiam-se a partidos que reivindicam cepa social-democrata, mas nos países europeus onde o modelo vigora, ainda que esmaecido, a relação entre capital e trabalho é inversa.
Esse Estado ineficiente e corrupto que ganha dramaticidade na campanha eleitoral escamoteia o que Jessé Souza, sem temer a pecha de antiquado, chama de luta de classes: o exército de babás, empregadas, faxineiras, porteiros, office-boys e motoboys que permitem à classe média dedicar seu tempo a trabalhos valorizados e bem pagos. "Isso não é luta de classes? Apenas porque não há piquetes, polícia e sangue nas ruas? Apenas porque essa dominação é silenciosa e aceita, dentre outras coisas, porque também eles, os humilhados e ofendidos, ouvem todo dia que o nosso único mal é a corrupção no Senado ou em algum órgão estatal?", indaga Souza em texto recente.
Essa é uma quimera que nem o voto-nulo-neutro-independente-secreto da utopia marinista se propunha a resgatar. Nenhum dos finalistas tampouco se dispõe a tirar essa poeira debaixo do armário, mas o debate embotado não permite sequer que se perceba onde a faxina é mais urgente.
A campanha chega ao fim sem que os meios de maior audiência da campanha - o horário eleitoral e os debates televisivos - consigam esclarecer como José Serra pretende dobrar o Bolsa Família, aumentar o salário mínimo para R$ 600, reajustar a Previdência e cortar impostos sobre salário, cesta básica e energia elétrica. O eleitor também se aproxima do segundo turno sem que Dilma Rousseff esclareça como o Brasil vai ser redimido pelos recursos do pré-sal se, até 2014, os recursos dessa exploração mal terão começado a pingar nos cofres nacionais.
Jessé Souza só perde em radicalidade para a vida real. Na manhã de terça-feira, uma dona de casa de classe média alta paulistana relatava e-mail que recebera. "A melhor coisa que vi nesta campanha", disse. Lá estava o valor das bolsas mais caras do mundo: Louis Vuitton de R$ 88 mil, Hermès de R$ 253 mil e Chanel por R$ 551 mil. No topo da lista lia-se: "Bolsa Família do governo Lula, feita com o mais puro couro da classe média brasileira - R$ 4 bilhões".
O Bolsa Família custa mais do que isso, mas a dona de casa estava com pressa para ouvir. Sua cozinheira havia se atrasado nesse dia.

Duke, hoje no O Tempo (MG)


Supremo volta a julgar Ficha Limpa na próxima quarta-feira

Supremo volta a julgar Ficha Limpa na próxima quarta-feira
STF julgará caso de Jader Barbalho, barrado pela lei
 O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma na próxima quarta-feira mais um julgamento sobre a Lei da Ficha Limpa. Desta vez, referente ao deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA), que teve a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral com base na lei.
Jader teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) porque em outubro de 2001 renunciou ao cargo de senador para fugir de processo de cassação por quebra de decoro parlamentar. A prática é proibida pela Lei da Ficha Limpa. Com mais de um milhão de votos, Jader Barbalho foi novamente eleito senador nestas eleições.
Esta será a segunda vez que o STF julga casos de políticos que questionam suas impugnações com base na Lei da Ficha Limpa. Na primeira, o ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PSC) questionou a validade da lei. Em 2007, ele renunciou ao mandato de senador para fugir de processo de cassação. Para Roriz, a lei não poderia atingir aqueles que já haviam renunciado, sob o argumento de que a norma não pode retroagir para prejudicar o "réu".
Roriz também alegou falta do princípio da anualidade. Segundo a Constituição, leis eleitorais só podem entrar em vigor um ano após sua sanção. Mas especialistas alegaram que a Ficha Limpa não é uma lei que altera o processo eleitoral, apenas impõe mais um requisito para as candidaturas.
Na ocasião, o julgamento terminou empatado, em 5 a 5. Roriz, então, renunciou à candidatura e colocou a mulher, Weslian Roriz, para concorrer em seu lugar.
AGÊNCIA BRASIL

Reflexão


Brincadeira tem hora

Brincadeira tem hora
Dora Kramer - O Estado de S. Paulo - 22/10/2010
Em primeiro lugar, o presidente Luiz Inácio da Silva é a última pessoa com autoridade moral para falar em farsas ou em "mentira descarada", visto que é protagonista da maior delas: a falácia segundo a qual recebeu uma "herança maldita" e que estabilidade econômica, a abertura do Brasil para o mundo, o crescimento e a entrada de milhões do mercado consumidor deve-se exclusivamente ao seu governo.
Há pouco seu governo inteiro junto com sua candidata à Presidência produziram "mentiras descaradas" ao repudiarem as denúncias de que havia na Receita quebras de sigilo fiscal de adversários políticos e que um esquema de tráfico de influência e corrupção estava montado a partir da Casa Civil.
Lula também se precipitou ao atribuir as quebras de sigilo a uma "briga de tucanos". Baseava sua tese no fato de o mandante ser repórter do Estado de Minas sem saber que à época Amaury Ribeiro estava em férias a serviço de outrem.
O presidente da República dá razão ao antecessor que o chama de "chefe de uma facção", quando escolhe insuflar a violência no lugar de contribuir para apaziguar os ânimos.
É o que faria um estadista.
Justiça se faça, Lula não ficou só em sua tentativa de ridicularizar o episódio. Muitos na imprensa partiram para ironias, achando um exagero a reação de José Serra atingido, afinal, só por "uma bolinha de papel".
Foram duas imagens captadas em dois momentos diferentes, comprovou-se ao longo do dia. Mas, ainda que o candidato tucano tenha feito drama, continuam sendo inaceitáveis os ataques de militantes contrariados com a passagem do tucano pelas ruas de Campo Grande (RJ). Brincar com isso é má-fé, tratar como banal a violência eleitoral e, sobretudo, não entender o valor em jogo.
Impedir um ato de campanha com tumultos é violência. Bem como foi violência atirar um balão cheio de água sobre o carro onde estava a candidata Dilma Rousseff ontem em Curitiba. O balão não a atingiu, mas poderia ter atingido. Ainda assim resta a intenção: agredir.
O presidente da República condenará uma violência, mas aprovará a outra? Ou dirá que estava apenas condenando o "teatro" do adversário? Nisso não é crítico autorizado.
É partícipe e mesmo condutor de uma caminhada em direção ao retrocesso: a nos tornarmos permissivos com o uso da violência na política, assim como já estamos no rumo de revogar a integralidade do preceito do livre pensar.
Ovos da serpente. É assim que começa: a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou projeto de um conselho para atuar entre outras funções no "exercício fiscal sobre a prática da comunicação".
Em Goiás, a TV Brasil Central, do governo do Estado, não pode entrevistar adversários políticos.
O projeto de controle da mídia foi iniciativa de uma deputada estadual do PT cearense, aprovado por unanimidade, e ainda precisa passar pelo crivo do governador Cid Gomes.
A censura foi denunciada, num gesto inédito, ao vivo pelo jornalista Paulo Beringhs, proibido de entrevistar o candidato ao governo Marconi Perillo (PSDB), chamado no dia anterior de "mau caráter" pelo presidente Lula em palanque.
Liberdade e luta. Já que Chico Buarque puxou o assunto ao manifestar seu encanto com o fato de o governo Lula "não falar fino com Washington nem falar grosso com Bolívia e Paraguai", vamos ao fato: o governo brasileiro não deveria é falar fino com ditaduras.
Aliás, o mundo da cultura, que sofreu pesadamente os efeitos da durindana local, nos últimos anos não se incomodou - se o fez não foi em voz alta - com a maleabilidade das vértebras do presidente Lula diante de tiranos.
A complexidade das relações exteriores não cabe em um jogo de palavras. Já a condenação aos crimes das ditaduras às quais o Brasil se dobra para espanto do mundo requer apenas dois atributos: coerência e solidariedade.
Independentemente da opinião eleitoral.

MPF desautoriza PF no caso do dossiê

MPF desautoriza PF no caso do dossiê
Ministério Público diz que apuração corre em segredo de Justiça e que investigação sobre quebra de sigilo não terminou
Fábio Fabrini e Sérgio Roxo – O Globo
 BRASÍLIA e SÃO PAULO. Depois de conceder uma entrevista sobre a investigação da quebra de sigilo de tucanos e anunciar o fim das investigações para breve, a Polícia Federal foi desautorizada ontem pelo Ministério Público Federal (MPF). Em nota, os procuradores da República José Robalinho Cavalcanti e Vinícius Alves Fermino disseram que a apuração corre em segredo de Justiça — exigindo, portanto, discrição — e que não cabe aos policiais determinar a conclusão dos trabalhos.
No comunicado, de poucas linhas, o MPF informa que “não ratifica” qualquer declaração sobre o possível encerramento do caso: “Somente o MPF, como titular privativo da ação penal pública, e não a Polícia Federal, pode dar as investigações por encerradas, já que, mesmo quando relatados os autos do inquérito policial, ainda pode o procurador da República requisitar ulteriores diligências”.
Os procuradores lembram que a PF não deve se pronunciar sobre o assunto, como fazem os delegados. Anteontem, o diretorgeral da corporação, Luiz Fernando Corrêa, e o delegado Alessandro Moretti convocaram uma entrevista. “O inquérito permanece sob segredo de Justiça, o que obriga ao sigilo todos os agentes do Estado, especialmente aqueles da persecução criminal”, recomenda o texto.
Vinícius e José Robalinho salientaram que as investigações ainda não foram concluídas e não o serão até que todos os fatos e responsabilidades sejam “integralmente esclarecidos”.
Por isso, diz a nota, “o MPF e a própria Polícia Federal não podem descartar, não descartam e não descartarão qualquer hipótese de investigação”.
Advogado de Verônica pede que investigação continue
Sérgio Rosenthal, advogado de Verônica Serra, filha do presidenciável José Serra (PSDB), protocolou ontem na PF, em São Paulo, uma petição com pedido de prosseguimento das investigações sobre a quebra dos sigilos fiscais de tucanos. O objetivo é identificar a motivação do jornalista Amaury Ribeiro Jr. em obter os dados, já que no período em que conseguiu as informações ele estava se desligando do jornal “Estado de Minas”.
— Parece que já chegamos a um momento importante da investigação.
Foi um trabalho minucioso, investigativo, muito profissional e que foi realizado até este momento. Entendo que isso deve ter continuidade — afirmou o advogado, ao deixar a sede da PF, em São Paulo.

Campeonato de "bolinha de papel"

Campeonato de "bolinha de papel"
Eliane Cantanhêde - FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA - O país está praticamente dividido ao meio desde o início do segundo turno, mas os vermelhos estão aumentando, os azuis vão perdendo o fôlego e os verdes continuam sendo o diferencial.
Dilma Rousseff disputa um campeonato de times, como se fosse de vôlei, basquete, futebol. Transformou "o nosso governo" e "o presidente Lula" no seu partido (ou time) e investe no "nós contra vocês". Compara governos e épocas.José Serra está numa competição do tipo tênis, nado livre ou salto em altura. Refere-se a um sonhado "governo de união nacional" com "todas as forças políticas" e faz campanha na base do "eu contra você". Confronta biografias e feitos.
O peso de Marina Silva no primeiro turno reflete-se agora na força do seu eleitorado, que veste a camisa verde, apesar de não ser necessariamente "verde".
E foi aí que Dilma ganhou e Serra perdeu impulso segundo o Datafolha de hoje. Dilma cresceu oito pontos no espólio de Marina, indo de 23% a 31%, enquanto Serra diminuiu cinco pontos, de 51% para 46%. Mais uma vez, o atleta Serra colheu apoios no varejo -Gabeira no Rio e Feldman em São Paulo- enquanto o time de Dilma foi no atacado: a bancada do PV.
Na reta final, Dilma e Serra se concentram no Sul e no Sudeste, com seus imensos eleitorados, julgando ambos que o eleitorado do Norte e Nordeste está cristalizado a favor de Dilma. Ela não teria muito mais a fazer. Ele acha que não tem nem teria como romper a barreira. Mas foi justamente aí e no Centro-Oeste que a petista continuou crescendo e conquistou apoios que inflaram a diferença de 8 para 12 pontos nos votos válidos.
Serra tem programa de TV bem avaliado e foi considerado melhor no último debate. O que mais poderia fazer? Seu problema é menos a adversária e mais o time e a técnica de Lula, capaz de querer "exterminar" competidores e de atingir a própria credibilidade jogando sujo com uma "bolinha de papel".

Segundo Turno

Guerra interna

Guerra interna
Ilimar Franco - O Globo - 22/10/2010
Há um mal estar na campanha de Dilma Rousseff (PT) por causa da quebra de sigilo fiscal de dirigentes do PSDB. Numa ponta está Fernando Pimentel, que contratou a firma de Luiz Lanzetta para a campanha e acionou o repórter Amaury Ribeiro Júnior e seus arquivos. Na outra, Rui Falcão, que quis colocar a firma de Valdemir Garreta na parada. O escândalo alijou, de fato, Pimentel e Falcão da coordenação da campanha petista.
Política e negócios Dilma Rousseff continua amiga de Fernando Pimentel, mas não quer nem ouvir falar de Rui Falcão. Ele perdeu a confiança da candidata e não é chamado para as reuniões importantes: aquelas em que participam o presidente Lula, Antônio Palocci, José Eduardo Cardozo, José Eduardo Dutra e João Santana. Os petistas o responsabilizam pelo vazamento à imprensa do esquema de espionagem que estaria sendo montado. Dilma, desde então, não fala com Falcão.
Ele detonou o esquema Pimentel e garantiu para a firma do amigo Garreta um contrato na campanha. Esse embate pode ser retomado, na Justiça, depois das eleições.
“Bom para o PMDB essa declaração do Jobim. Vai sobrar mais um ministério para o partido” — André Vargas, secretário de Comunicação do PT, após Nelson Jobim não descartar participar de um governo José Serra
CAVALO DE PAU. Eleita para a Prefeitura de Natal (RN) com o apoio do DEM, Micarla de Sousa (PV) resolveu apoiar a candidata Dilma Rousseff (PT) no segundo turno das eleições. Aliados de José Serra (PSDB) afirmam que entrou na negociação a revisão do valor pago pelo Banco do Brasil pela folha de pagamento da prefeitura. Essa operação foi feita na gestão do prefeito Carlos Eduardo (PSB). O PV do Norte e do Nordeste está com a petista.
Maracujina Os ânimos estão tão exaltados na área de comunicação da campanha de Dilma Rousseff que, na quinta-feira passada, ao avistar Rui Falcão em um restaurante de Brasília, Luiz Lanzetta partiu para cima dele, com o intuito de socá-lo.
Guardando o lugar Apesar de ser um dos homens fortes da campanha de Dilma Rousseff, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, está fora do ministério em eventual governo de Dilma Rousseff. Se isso acontecesse, Rui Falcão seria o novo presidente.
A primeira operação ocorreu em 2008 Os personagens de hoje são quase os mesmos das eleições em Belo Horizonte, em 2008. O governador Aécio Neves (PSDB) e o então prefeito Fernando Pimentel (PT) apoiavam a candidatura de Marcio Lacerda (PSB). Mas Leonardo Quintão (PMDB) estava para ganhar quando a empresa de Luiz Lanzetta foi contratada. Na véspera do segundo turno, Quintão foi detonado por denúncia de que usou esquema ilegal de remessa de divisas para o exterior do Banestado. A reportagem era de Amaury Ribeiro Júnior. Os dados são da CPI do Banestado, cujos dados foram vazados pelo tucano Antero Paes de Barros e o petista José Mentor.
Um atestado de saúde Após o incidente no Rio, anteontem, quando se dirigia para o hospital, o tucano José Serra deu ordem para que a imprensa não fosse informada da consulta. Mas aliados que o acompanhavam não resistiram.
Quando estava sendo atendido, ficou sabendo que a imprensa tinha a história e fez questão que o médico Jacob Kligerman desse entrevista dizendo que ele estava bem. Sua preocupação era que, devido à sua idade, era preciso dizer que ele estava bem de saúde.
O SENADOR Edison Lobão (PMDB-MA) está se articulando para concorrer à Presidência do Senado.
O MINISTRO Elói Araújo (Igualdade Racial) está mobilizando artistas, escritores, intelectuais e parlamentares negros para ato de apoio a Dilma Rousseff, na próxima terça-feira, no teatro da Universidade Candido Mendes.
O PRESIDENTE do PP, Francisco Dornelles, e os senadores eleitos Benedito de Lira (AL) e Ciro Nogueira (PI) foram hoje a Boa Vista (RR) pedir votos para Neudo Campos, líder na disputa para o governo.

Brasil patrimonialista ou moderno?

Brasil patrimonialista ou moderno?
JOSÉ LUIZ ALQUERES – O Globo
 Uma análise serena dos candidatos à Presidência da República reconhecerá em ambos méritos e um histórico de atitudes honestas no exercício da vida pública.
A diferença fundamental entre as candidaturas está na sociedade que visam a construir e nos meios e alianças a que recorrerão para alcançá-la.
No Brasil, a exemplo de muitos países da América Latina, coexistem características de dois modelos de sociedade.
De um lado, a tradicional, patrimonialista, onde grupos privatizam o Estado e o colocam a serviço de seus interesses, preenchendo cargos com família, amigos e correligionários, sem critérios de mérito ou ética. Virtude é pertencer ao grupo. De outro, a moderna, aberta a competição e meritocracia como critérios de ascensão social.
Na sociedade patrimonialista os empresários gravitam em torno de benesses do governo e das estatais, mantendo com eles relação incestuosa. É um modelo atrasado, cartorial, penalizador do todo em benefício de poucos.
Na sociedade aberta os empresários estão na vanguarda dos segmentos modernizadores.
Pautados por iniciativa e competição, sabem que disso depende o progresso do país. Eles rejeitam a máquina pública ineficiente e os investimentos decididos por critérios eleitoreiros ou megalomaníacos.
O patrimonialismo floresce em Estados autoritários e populistas, que se hipertrofiam e ameaçam a liberdade e a democracia. Exemplos na América Latina abundam.
Quem se deixa engabelar por demagogia, e se deleita com o “me engana que eu gosto” no presente, renunciou a pensar no futuro.
O Estado moderno é a favor do mercado, é democrático e forte nos seus campos privilegiados de atuação, tais como a segurança pública, a promoção da justiça, a política externa, a regulação econômica, a defesa da soberania, política de sustentabilidade, emprego e infraestrutura social de educação e saúde. Nele respeita-se a liberdade de opinião. A imprensa não é orientada pelo direcionamento de verbas da propaganda oficial.
Na espetacular reviravolta que se vê no Rio de Janeiro está o pacto população/ governo, em cuja raiz está o sopro de liberdade e de iniciativa havido após as privatizações federais e estaduais de empresas como Banerj, CSN, Metrô, Supervia, Light, Ampla, terminais portuários, ferrovias, Telebrás e Vale. Retirando do governo a obrigação de zerar déficits e tolerar alta ineficiência, e criando nelas uma nova mentalidade, tais empresas passaram a ser as maiores pagadoras de impostos. Muitas — como a Embraer e a Vale, que hoje emprega 40.000 pessoas, em vez das 10.000 da época da privatização — se tornaram líderes mundiais.
Com as privatizações e boa gestão pública se restabeleceu a capacidade de investimento do Estado. Os serviços privatizados podem melhorar, mas já estão bem mais avançados do que os que permanecem nas mãos do governo, como os serviços de água, esgoto e os aeroportos. Com isso, o Estado passou a dispor de meios e não foi surpresa, após uma boa gestão, Sergio Cabral — que quando deputado liderou na Alerj as privatizações estaduais — ser brilhantemente reeleito.
Não há dúvida quanto ao tipo de sociedade que nos convém para manter o Rio no bom curso. O que precisamos é levar o espírito desta sociedade moderna para o Planalto. Ela é que dará aos cidadãos o que eles buscam e não “o líder pai do povo”, caricatura comum em grandes ditaduras.
Nós empresários escolhemos o desafio de construir um país pela rota democrática, da estabilidade econômica, da competição, da sustentabilidade e da responsabilidade fiscal, respeitando o fortalecimento do Estado nas suas áreas exclusivas de atuação, com quadros de pessoal de carreira e meritocráticos.
Esse Estado moderno só se consegue com as privatizações e com a intervenção na área econômica via agências reguladoras independentes e eficientes.
Com isso, se reduz a burocracia, o nepotismo, a corrupção e o aparelhamento do Estado por grupos de interesse — o patrimonialismo, enfim — e se deixa fluir a vida no exercício do seu bem mais precioso, a liberdade.
O patrimonialismo floresce em Estados autoritários, que se hipertrofiam.
JOSÉ LUIZ ALQUERES é presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.

Sobre farsas

Sobre farsas
Merval Pereira – O Globo
 Não satisfeito de ter transgredido todas as normas legais relativas à campanha eleitoral no afã de eleger a candidata que tirou da cartola, o presidente Lula na reta final da eleição perdeu qualquer vislumbre de constrangimento que porventura ainda tivesse e passou a fazer campanha política 24 horas por dia, antes, durante e depois do expediente oficial de presidente da República, em todas as dependências oficiais do governo.
E participou diretamente nos dois últimos dias de duas das mais vergonhosas tentativas de farsas políticas da História recente do país.
Ontem, ele se despiu dos rigores do cargo e assumiu o papel do cabo eleitoral mais energúmeno que possa haver.
(Antes que algum petista desavisado ache que estou xingando Sua Excelência, devo esclarecer que utilizo o termo energúmeno no sentido de “fanático”.
A palavra parece um palavrão, mas não é.
Na coluna de ontem, escrevi que Serra fora atingido por um “artefato” e houve petistas exaltados que vissem no termo um sentido alarmante que ele não tem.
Usa-se a palavra para definir “qualquer objeto manufaturado”.
Como não sabia o que havia atingido o candidato tucano, usei a palavra.
E acertei, como veremos).
Voltando ao caso, o cabo eleitoral Lula da Silva disse que a agressão sofrida por S e r r a e r a u m a “ m e n t i r a descarada”.
Segundo ele, depois de ver imagens das redes Record e SBT, ficou convencido de que Serra fora atingido por uma bolinha de papel e seguiu caminhando por mais 20 minutos, quando recebeu um telefonema “de algum assessor da publicidade da campanha que sugeriu parar de caminhar e pôr a mão na cabeça para criar um factoide”.
Para encerrar o festival de irresponsabilidades, Lula comparou o caso ao do goleiro chileno Rojas, que fingiu ter sido atingido por um rojão num jogo contra o Brasil.
Ontem, o “Jornal Nacional” demonstrou, com o auxílio de um perito, que quem criou um factoide com claros objetivos políticos foram as reportagens que montaram dois momentos diferentes como se fossem uma sequência, tentando desqualificar o que foi uma atitude política digna dos regimes fascistas.
Serra foi atingido, sim, por uma bobina de papel crepe (o tal “artefato”) que, arremessada com força, pode provocar danos graves na pessoa atingida.
 A agressividade dos cabos eleitorais petistas em si mesma já era motivo para preocupação, pois em democracias não é aceitável que grupos tentem impedir outros de se manifestar.
Desse ponto de vista, é lamentável o que ocorreu ontem em Curitiba, quando a candidata oficial foi recebida com bolas de água jogadas de cima de prédios. Se atingissem alguém, elas seriam tão perigosas quanto o “artefato” que atingiu Serra.
O que não é comparável é a origem dos dois fatos. O primeiro foi uma ação política orquestrada com a intenção de agredir o candidato oposicionista. A outra é uma irresponsabilidade.
Na quarta-feira, Lula havia anunciado para os jornalistas a conclusão de um inquérito que a Polícia Federal realizou sobre a quebra de sigilo fiscal de parentes e pessoas ligadas ao candidato da oposição José Serra.
O próprio presidente, depois de ter tentado desqualificar as denúncias sugerindo que se tratava de uma ação eleitoreira de Serra, viu-se obrigado a convocar a Polícia Federal para investigar o caso.
Soube em primeira mão o resultado do inquérito e pareceu satisfeito, tanto que anunciou aos jornalistas, sem que fosse perguntado, que a Polícia Federal iria revelar “a verdade dos fatos”, que nada tinha a ver com “as versões”.
De fato, a Polícia Federal retirou todo caráter político da investigação e anunciou que o responsável pela compra dos sigilos quebrados era o jornalista Amaury Ribeiro Jr. quando ainda trabalhava no jornal “Estado de Minas”.
O PT passou então a espalhar a versão de que se tratava de uma briga interna dos tucanos, e que o serviço sujo fora feito para ajudar Aécio Neves na disputa interna com Serra pela indicação a candidato do partido a presidente.
A suposição era de que o jornal “Estado de Minas” mantinha estreita ligação com Aécio e designara seu repórter investigativo para devassar a vida de seu adversário.
O próprio Amaury Ribeiro Jr. disse que fizera os levantamentos “para proteg e r A é c i o ” , m a s e m n en h u m m o m e n t o a f i r m o u que fora designado pelo jornal para tal tarefa, apenas insinuava o vínculo.
Não bastou que o jornal e Aécio desmentissem essa hipótese, a rede de intrigas petista passou a anunciar como verdade o “fogo amigo” tucano como gerador da quebra dos sigilos fiscais.
Pois ontem a verdade veio à tona: o jornalista não estava mais trabalhando par a o “ E s t a d o d e M i n a s ” quando encomendou a quebra de sigilo dos parentes de Serra e de pessoas ligadas a ele no PSDB, e agora acusa o petista Rui Falcão, coordenador da campanha de Dilma, de ter roubado os dados de seu computador.
Esses dados, juntamente com a informação de que havia sido criado um grupo de espionagem dentro da campanha, foram vazados para a imprensa em decorrência de uma disputa de poder entre Fernando Pimentel, responsável pela contratação dessa equipe de “jornalistas investigativos” para trabalhar no “setor de inteligência” da campanha, e Rui Falcão.
Agora a Polícia Federal tem a obrigação de prosseguir nas investigações para saber quem financiou o jornalista Amaury Ribeiro Jr. desde a compra dos sigilos até que surgisse oficialmente como membro da campanha dilmista no tal “setor de inteligência”.
Do jeito que as coisas ficaram, a sensação é de que a Polícia Federal foi usada pelo governo para revelar, às vésperas do segundo turno da eleição, apenas informações que prejudicassem o campo oposicionista.
A nota indignada do diretor geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, repudiando o uso político das investigações, só pode ser considerada se a atitude da Polícia Federal corresponder a ela, o que não aconteceu até agora.

Nani Humor - Porque as Mulheres Ganham Menos?


Petista, afastado da campanha, nega acusação

Petista, afastado da campanha, nega acusação
Rui Falcão diz que cabe a jornalista provar denúncia e nega ter morado em flat
O Globo
O deputado Rui Falcão foi isolado do comando, em Brasília, da campanha de Dilma Rousseff depois do escândalo do suposto dossiê, mas mantém o cargo de coordenador de comunicação.
Em nota, ele negou ontem que tenha copiado arquivos do notebook do jornalista, com informações sobre o sigilo fiscal de tucanos e de familiares do candidato à Presidência pelo PSDB.
O petista afirma que cabe a Amaury provar que as informações foram extraídas de seu computador pessoal. “Nego terminantemente — e cabe a quem acusa fazer prova — que tenha copiado dados ou arquivos do mencionado laptop do jornalista.
Tive conhecimento há meses, através da imprensa, da existência de um suposto dossiê e, quando procurado, sempre informei que a campanha não produzia dossiês, nem autorizava qualquer pessoa a fazê-lo em nome da campanha.” O parlamentar também nega que tenha residido em flat do Meliá Brasília, como afirmou Amaur y Ribeiro, ou que tivesse a chave do apartamento utilizado pelo jornalista durante suas viagens a Brasília.
“Não procedem as afirmações de que tenha residido em apart-hotel do Meliá Brasília, nem tampouco que tivesse chave de qualquer apartamento naquele local. Se, porventura, chegou a constar meu nome na recepção do hotel, não é de meu conhecimento, nem de minha responsabilidade”, conclui a nota.

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