quarta-feira, novembro 10, 2010

Na prancheta do PMDB

Na prancheta do PMDB
RENATA LO PRETE - FOLHA DE SÃO PAULO - 10/11/10
Na esteira da tese, defendida por Michel Temer, de que cada partido da coalizão dilmista mantenha sua cota atual na Esplanada, o PMDB passou a trabalhar com um desenho no qual o ex-governador do Rio Moreira Franco, antes mencionado como possibilidade para Cidades, tornou-se opção para Comunicações.
No plano peemedebista, Wagner Rossi (SP) seguiria na Agricultura, Edison Lobão (MA) retornaria a Minas e Energia e Eunício Oliveira (CE) iria para Integração Nacional, com Eduardo Braga (AM) como alternativa. Por fim, o governador Sérgio Cabral indicaria o ministro da Saúde. Falta só combinar com Dilma Rousseff.
Para entender - Ao deixar correr a versão de que reivindica um ministério para Jorge Picciani (PMDB), candidato derrotado ao Senado, Cabral busca na verdade demonstrar mobilização pelo aliado, ao qual não pretende oferecer uma secretaria.
Nosso cara - O nome da bancada do PT na Câmara para o ministério é José de Fillipi Júnior, ex-prefeito de Diadema e tesoureiro da campanha de Dilma. A sigla quer instalá-lo nas Cidades.
Eu não - Do vice eleito, Michel Temer, negando ter recebido pedido para engavetar na Câmara o projeto que estabelece piso salarial para os policiais: ‘Alguém quer me intrigar com a presidente Dilma. Não tratamos da PEC 300 em nossa conversa’.
Em outra - Um dia depois de representantes do governo, reunidos com a equipe de transição, terem deixado claro que é imperativo barrar a votação da PEC 300, explosiva para as contas públicas, o líder da bancada do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), saiu de reunião na Câmara e mandou bala no Twitter: ‘Durante a reunião de líderes, defendi a votação da PEC 300. Ainda falta a apreciação de alguns destaques’.
Federação - Primeiro pleito dos governadores eleitos, a revisão da Lei Kandir começou a ganhar corpo ontem na Câmara. Com acordo entre governo e oposição, a CCJ aprovou projeto que atualiza a cobrança de ICMS sobre empresas do setor elétrico. Trata-se de um aceno das bancadas e do Planalto aos novos mandatários.Os secretários da Fazenda de Minas e da Bahia participaram da pressão ‘in loco’.
Fica... - Com base nos resultados obtidos na área, Geraldo Alckmin considera a possibilidade de manter Antonio Ferreira Pinto à frente da Secretaria da Segurança.
...ou sai? - Há, porém, pressões em contrário. Elas partem principalmente de deputados, tucanos e aliados, ligados a delegados afastados ou transferidos em razão de investigações de corrupção conduzidas pela gestão de Ferreira Pinto.
Rebelião zero - O secretário da Ad ministração Penitenciária, Lourival Gomes, deve permanecer onde está.
O retorno - Planejamento ou Fazen da: Andrea Calabi é nome provável para uma dessas duas pastas no governo Alckmin. A primeira já foi ocupada por ele na gestão anterior do tucano.

Largada - A primeira providência de Alc kmin na educação será um ‘censo’ para identificar demandas regionais por cursos extraclasse.
Fechadura - O presidente da Assembleia, Barros Munhoz (PSDB), assume nesta sexta o governo paulista, mas não despachará no gabinete de Alberto Goldman. O governador, que viajará à França, Alemanha e Japão, recomendou que o deputado ocupe a sala reservada ao vice no Bandeirantes.
Tiroteio
Depois de uma eleição como esta, ou aprovamos o financiamento público ou permitimos que o deputado se vista como piloto de F-1, cheio de patrocínios pelo corpo.
DO DEPUTADO REELEITO ANDRÉ VARGAS (PR), secretário de Comunicação do PT, defendendo reforma que mude as regras do financiamento das campanhas.
Contraponto
Tá bom ou quer mais?
Na noite de domingo passado, quando Dilma Rousseff já havia retornado dos dias de descanso no litoral da Bahia e Lula ainda não tinha partido para Moçambique, realizou-se no Palácio da Alvorada uma reunião na qual o presidente esbanjava bom humor.
A tal ponto que alguém resolveu perguntar o motivo de tanta alegria. Ele prontamente respondeu:
- Você está de brincadeira comigo? Além de eu ter conseguido eleger a minha sucessora, o Corinthians agora vai ser campeão brasileiro!

Pronghorn, Wyoming

Photograph by Joe Riis

Zope, para Charge Online


SPONHOLZ


Amorim, para o Correio do Povo


Os educatecas do Enem levaram bomba

Os educatecas do Enem levaram bomba
ELIO GASPARI – O GLOBO
Haddad acreditou no que disse, foi de Waterloo para Stalingrado, e a conta do fracasso foi para a garotada
O PRESIDENTE do Inep, Joaquim José Soares Neto, titular da lambança ocorrida com a prova do Enem, deveria ter pedido demissão no sábado, desculpando-se aos 3 milhões de jovens cuja vida atrapalhou. Não tendo-o feito, o ministro da Educação, Fernando Haddad, deveria tê-lo demitido na segunda-feira. Não tendo-o feito, Haddad deveria ter pedido demissão ontem.
Os educatecas do Inep e Haddad mostraram que um raio cai duas vezes no mesmo lugar. No ano passado, uma sucessão de prepotências e inépcias transformaram o projeto do Enem como substituto do vestibular num dos maiores fracassos do governo Lula. O ministro culpou a lei das licitações. Livrou-se dela e foi de Waterloo para Stalingrado.
O educateca pernóstico é o sujeito que inventa um teste de "linguagem, códigos e suas tecnologias" para designar aquilo que se chamava prova de português. É um chato, mas não faz mal a ninguém. Maligno é o educateca com alma de bedel. O doutor Soares Neto, por exemplo.
O Inep proibiu que os estudantes levassem lápis para a prova. Com isso tirou o direito da garotada de rabiscar cálculos e anotações à margem da prova. Na hora de aporrinhar, o educateca pode tudo. Na hora de fazer o seu serviço, pode nada.
O dia do Enem é uma jornada de tensão na vida de milhões de jovens e de suas famílias. A nota do teste habilita os estudantes para as bolsas do ProUni e em muitos casos determina-lhes o futuro. Nessa hora, em vez de o poder público aparecer com uma face benevolente, vem com os dentes de fora.
Em 2009 furtaram-se as provas; em 2010, inverteram-se os gabaritos e distribuíram-se exames com questões repetidas ou inexistentes. Segundo o MEC, a responsabilidade é da gráfica. Segundo a gráfica, a lambança atingiu apenas 0,33% dos 10 milhões de cadernos. Conclusão: 100% da culpa é das vítimas.
Descobertos os erros, não ocorreu aos doutores tirar dos portais do Inep e do MEC uma autoglorificação do doutor Soares José Neto Joaquim: "O primeiro dia de provas do Enem transcorreu em normalidade". Segundo ele, a lambança "de forma alguma prejudica a credibilidade do Enem". Empulhação.
No dia seguinte, ameaçaram chamar a Polícia Federal para xeretar tuiteiros. (A propósito, inversões são um estorvo. O nome do educateca é Joaquim José Soares Neto.)
O ministro Fernando Haddad foi de Waterloo para Stalingrado porque acreditou nas próprias promessas. Quis fazer uma coisa, fez outra, deu errado em 2009 e voltou a dar errado em 2010. Quando o Enem/ Vestibular foi lançado, a garotada poderia fazer a prova duas vezes por ano, talvez três. Desistiram, preservando a máquina de moer carne, obrigando o jovem a jogar seu futuro num só fim de semana.
Haddad e o Inep sabem que um similar americano do Enem, o SAT, é oferecido à garotada em sete ocasiões ao longo do ano. O teste é feito on-line e as questões são praticamente individuais, complicando-se conforme o desempenho do estudante. Os educatecas não gostam desse exame, porque os obrigaria a trabalhar muito mais, expandindo seu acervo de questões e obrigando-os a conviver com uma cultura de provas eletrônicas, abandonando o método medieval do papel e caneta (lápis é proibido).
Burocrata gosta é de assinar contrato, de preferência sem licitação. Deu no que deu.

Passivo de radiação

Passivo de radiação
RUY CASTRO – FOLHA DE SÃO PAULO
RIO DE JANEIRO - O avião pousa em Congonhas, 99% dos passageiros sacam o celular e anunciam para alguém: "Cheguei". Eu, o 1%. As pessoas que me esperam para uma reunião sabem a hora do meu voo e podem passar sem essa informação. Desço a rampa rumo aos táxis, a tempo para o compromisso e saboreando o encontro com alguém querido ou o jantar que virá depois. Enquanto isso, sujeitos passam por mim afobados, rebocando a mala e bufando ao celular, discutindo medidas que não podem esperar nem um minuto ou para quando tiverem acabado de chegar.
Para mim, o estresse provocado por essa comunicação fácil e onipresente já seria asfixiante, motivo pelo qual mantenho distância de celulares -não quero ficar "on" o dia todo. Pois, agora, as graves denúncias da cientista americana Devra Davis, 64 anos, autoridade mundial em saúde pública e ambiental, completam minha apreensão. Seu livro "Disconnect", lançado em NY em setembro e ainda sem editor no Brasil, tem o subtítulo "A Verdade sobre a Radiação dos Telefones Celulares".
Segundo ela, a radiação que se desprende de um celular à orelha reduz as defesas do cérebro, induz à perda de memória, aumenta o risco de Alzheimer, interfere no DNA e é um agente cancerígeno. E a indústria sabe disso, mas ninguém interfere num negócio de trilhões de dólares se não for obrigado.
É cruel. As crianças são loucas pelo celular, e seu cérebro, ainda em formação, absorve até mais radiação que o dos adultos. A radiação de um celular usado num elevador rebate nas paredes e afeta quem está por perto, como acontece com o fumo. E é possível que só agora, anos depois, os verdadeiros efeitos nocivos dos celulares estejam se fazendo sentir.
A primeira pessoa que conheci com celular, em 1993, morreu este ano, de câncer no cérebro. Era um famoso jornalista esportivo.

Sinfrônio, no Diário do Nordeste (CE)


O duopólio e o partido único

O duopólio e o partido único
Roberto DaMatta - O GLOBO
Com o fim do monopólio aéreo, ninguém mais sofre, exceto os passageiros
Estou de novo num aeroporto.
Outro dia fui impedido de resgatar milhas, hoje estou numa espera sem justificativa. Impotente, faço como todo brocha: reflito ansioso sobre a situação. Não posso deixar de pensar na Varig e no duopólio.
Pois até no monoteísmo, quando só há um Deus, ele é uma Santíssima Trindade e tem uma Virgem Mãe. Tudo a ver com o momento político, já que todo monismo acaba em pluralismo. Finda a eleição que juntou, recomeça o sofrimento do cidadão frente aos velhos problemas que fragmentam. Mas há coerência. Pois, se a promessa é governar para os esfaimados, quem anda de avião é um faminto pagante, o que, convenhamos, não deixa de ser uma versão brilhante do socialismo à brasileira. Seguindo o axioma de Marta Suplicy: relaxo e gozo quando, em pleno vôo, e, tangido pela fome dos pobres de Deus, devoro barrinhas de cereal e nanosanduíches de fudele de peru com creme de barbear.
Num país onde somente agora, em pleno século 21, se tenta excluir bandidos dos cargos eleitorais e que começa a ficar incomodado com o fato de os poderosos não terem que seguir a lei e a desconfiar que reclamar é um direito, e não falta de educação, admito que há progresso. Comportome, pois, como o anticidadão que sempre fui. Escrevo e, no silêncio que mata, entendo qual é o meu lugar! No Brasil, o antiliberalismo inventou “partidos democráticos” cujo objetivo era o de destruir as outras agremiações que, por sobrevivência ou malandragem, deveriam integrar o grande rio ideológico capaz de não só promover o progresso, mas de resolver (eis a nossa concepção hierárquica de democracia liberal!) — e de resolver de uma vez por todas! — os grandes problemas com magníficas reformas de base. Na reinvenção do liberalismo, toldamos a liberdade dos outros.
Um desses partidos está no poder. E, se o poder destrói os inimigos, ele cria a arrogância que desmascara os amigos.
Com isso, aquele partido ideológico exemplar, que não roubava nem deixava roubar, tornou-se um vasto pântano e pariu um líder nacional personalista e tragicômico. Um grande guia que, com um excepcional populismo popular, subverteu a obsessão monista de sua agremiação, cujo alvo era defender os interesses dos pobres e famintos.
No poder, a ilha vira continente. Tal como o Plano Real acabou com a inflação das múltiplas moedas, na esfera política o partido dominante transformou seu líder no principio exclusivo do poder.
Não se diz tudo numa crônica. Mas pode-se apontar as transformações não previstas pelo monismo petista. De cara, o enorme papel do cara. Depois o fracasso da ejaculação precoce do ex-capitão do time, o notório Zé Dirceu, ato que liquidou a liderança ideológica e simultaneamente promoveu, com o sucesso do Plano Real e das medidas macroeconômicas que eram a herança maldita do governo tucano, um dinamismo inusitado do consumo com suas contradições e polifonias. Surge então uma dualidade curiosa: os aliados de modernização, como o PSDB, passam a ser inimigos mortais; e os velhos reacionários — os coronéis dos grotões — tornam-se amigos do coração.
Essas reviravoltas permitiram ao guia escolher e eleger um sucessor feminino virgem do PT e de disputa eleitoral. Algo inusitado numa terra onde, como dizia um dos aliados de Lula, expulso da presidência por corrupção, seria preciso ter “aquilo roxo” para governar.
No campo do transporte aéreo sucedeu algo semelhante. Uma companhia que dominava e era um símbolo nacional foi liquidada. O que era um, virou dois e agora há o orgulho de se viver num momento mágico no qual tudo cabe, inclusive a destruição de uma empresa que recebeu como um estertor o fundo de pensão dos seus trabalhadores logo usurpado pelo governo.
Com o fim do monopólio aéreo, ninguém mais sofre, exceto os passageiros sujeitos a duas empresas que podem escusar o respeito que o ardiloso capitalismo liberal exige de quem paga. Se sou contra isso? Se escrevo por mágoa porque uma das maiores vilezas do governo Lula foi, além do mensalão, liquidar a Varig que com ela levou meu filho para o cemitério, a resposta direta é um claro, doloroso e sincero SIM! No plano geral, vale chamar atenção de como um projeto de poder à stalinista, acabou por promover mais capitalismo e mais liberalismo. Muito mais do que nos oito anos de FHC. Pela mesma lógica, o partido da justiça social liquidou uma enorme empresa sem pensar nos seus trabalhadores. Mas o sucesso da eleição de Dilma abala inesperadamente a tese do “salvador carismático da pátria”, pois a imagem da mãe está muito mais próxima do liberalismo que se abre a si mesmo, recriando-se diariamente, do que dos velhos autoritarismos que não suportam diferenças.
No plano pessoal, o da tal crônica clássica, porém leve e um tanto carnavalesca, que, dizem os entendidos, é um achado brasileiro, eu confesso que o duopólio aéreo simboliza a morte do meu filho mais velho. Para ficar no que pode ser dito, ele traz de volta o sofrimento e o desejo humano de restituição, que só vai terminar quando eu morrer. Não posso ter meu filho de volta, mas posso sublimar a experiência dolorosa de sua perda chamando atenção para a enorme traição feita com a Varig. Falo com viés, tomo partido. E por que não se isso foi a única coisa que aprendi com o PT e com o Lula? Mas com uma diferença fundamental: a morte do meu filho não tem dois pesos e duas medidas, como tudo neste governo, que, felizmente, está também indo embora.
ROBERTO DaMATTA é antropólogo.

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto
“A minha popularidade é resultado do meu trabalho”
PRESIDENTE LULA, INCANSÁVEL VIAJANTE, CONTANDO LOROTAS A ESTUDANTES DE MOÇAMBIQUE
DF: AGNELO REDUZ PROJETO DO ESTÁDIO À METADE  O governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), decidiu reduzir à metade o projeto do Estádio Nacional, que será uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014. Ele tomou a decisão após a CBF definir que o jogo de abertura será em São Paulo. Projetado para 70 mil lugares ao custo de R$ 710 milhões, o estádio acomodará 42 mil espectadores. E Agnelo limitará o custo da obra em R$ 380 milhões.
EXIGÊNCIA Por determinação da Fifa, o jogo de abertura da Copa do Mundo exige capacidade mínima de 65 mil espectadores.
MUITO SUSPEITO O custo exagerado e suspeitíssimo da obra do Estádio Nacional, contratada no atual governo, é investigado pelo Ministério Público.
ELEFANTE BRANCO Foi de 30 mil pessoas o público recorde do Mané Garrincha, que está sendo demolido para a construção do Estádio Nacional de Brasília.
MARCIANO De tanto viajar, Lula chegou a Marte: depois da Saúde “quase perfeita”, agora “o Enem é um sucesso”. Já está até ficando verde.
DILMA, A CRIATURA, NA ENCRUZILHADA DO MITO A ficção deu provas que a vida comprova: criaturas se rebelam contra criadores. O dr. Frankestein quase morreu nas mãos do monstro que criou. Na mitologia grega, temendo a maldição de uma profecia, Cronos devorou os filhos para não perder o reino da Idade Dourada. Dilma terá de enfrentar esse dilema na política brasileira da Idade da Pedra: associar-se ao “Titã” PMDB ou devorar o “deus” que a fez presidente.
TUDO DE NOVO Criado há seis dias, tinha ontem 8 mil assinaturas o manifesto ao Senado contra a CPMF: abaixoassinado.org/abaixoassinados/7410.
DE VOLTA O cantor Djavan está pegando o caminho de volta para Alagoas: vai construir uma pousada à beira-mar, no paraíso da Barra de São Miguel.
SÓ FALTA ESPANCAR A Webjet já não faz graça para a clientela. Quem pedir cafezinho, paga. Água custa R$ 3, refrigerante R$ 4. O gelo ainda é de graça.
OUVIDOS COMPLACENTES A diretora de Gás da Petrobras, Maria das Graças Foster, é cotada para o ministério por suas qualidades e pela tolerância ao jeito estúpido de ser da amiga Dilma. É uma espécie de “sparring” da presidente que, em suas broncas, usa as palavras como boxeadores usam os punhos.
TAMOS AÍ De olho na cota feminina do ministério da presidente Dilma, Ana Júlia Carepa (PT), que o eleitor defenestrou do governo do Pará, e Wilma Faria (PSB), ex-governadora potiguar, sonham com lugares ao sol.
AGU EM ALTA No Planalto, dois nomes têm sido citados para a vaga do ministro Eros Grau no Supremo Tribunal Federal: Álvaro Ribeiro Costa, ex-advogado-geral da União, amigo de Dilma, e o atual, Luiz Adams, amigo de Lula.
SABOR ESPECIAL O governador eleito Agnelo Queiroz, ao completar ontem 52 anos, ganhou uma garrafa do vinho português Prazo de Roriz, safra 2006. É ano da última eleição disputada pelo adversário Joaquim Roriz.
SOB PONTAPÉS Agnelo Queiroz recebeu também presentes virtuais de ouvintes da rádio BandNews FM. Um deles criou uma bota imaginária, a ser usada para expulsar a pontapés os incompetentes do atual governo do DF.
TEU NOME É PREGUIÇA Uma pista de como é ruim de serviço o governo de Rogério Rosso, no DF: a pequena Águas Lindas (GO), no entorno de Brasília, apresentou projetos para saneamento, no orçamento da União de 2011, totalizando R$ 90 milhões. Projetos para todo o DF não chegam a R$ 60 milhões.
MEMÓRIAS DE NERY O jornalista Sebastião Nery lança hoje em Brasília a terceira edição do seu livro de memórias A Nuvem – o que ficou do que passou. Será na Casa da Coca-Cola, QL 14, conjunto 8. “É o meu melhor livro”, diz ele, testemunha e personagem de 50 anos de História do Brasil.
BICO CRIMINOSO O caminhão de lixo flagrado pela polícia despejando detritos em Guarulhos (SP) não é da Prefeitura de São Paulo, mas de uma empresa que lhe presta serviços cujos empregados faziam “bico”.
PLANALTO FASHION WEEK Coisas que você não verá em 2011: Dilma de saia e Lula de pijama.
PODER SEM PUDOR
NA BOQUINHA DO ELEITOR
Dentista respeitado em Petrolina (PE), Edson Cavalcanti sempre perguntava às crianças carentes, após apresentar-se, orientá-las e dar escovas de dentes, se lembravam o nome dele:
– E aí, quem lembra meu nome?
Um sardentinho lá atrás levanta o dedo e grita bem alto:
– É César Durandooooo!
Gargalhada geral: Durando, também dentista, foi vereador e ex-secretário de Saúde do município.

Solda, para O Estado do Paraná


Clayton


O dualismo eleitoral

O dualismo eleitoral
RICARDO ANTUNES
Se a Bolsa Família é exemplo do mais puro assistencialismo, ela fez os "programas sociais" de FHC assemelharem-se a esmola dada ao final da missa
Terminou o processo eleitoral pautado pelo dualismo eleitoral, sem empolgação e exíguo em emoção. Resumido a uma disputa entre os dois blocos da ordem: de um lado, postava-se o tucanato desencantado e fraturado; de outro, o lulismo em alta, empurrado pelo líder, forçando para além do limite que a imagem da criatura fosse associada ao seu criador.
Na base, os capitais poderosos encontram-se ancorados em porto seguro, com a certeza de que, qualquer que fosse o resultado, a fonte do saque estaria preservada.
A eleição era, enfim, uma disputa definida pelos embalos do marketing -"ciência" que os capitais tão bem conhecem.
Por fora desse espectro, mais de 36 milhões de eleitores optaram pela abstenção ou pelo voto nulo ou em branco, numa manifestação multiforme, eivada de significação.
Foi também como escoadouro desse descontentamento que Marina decolou. Mas não sem assumir a questão ambiental sem tocar em nenhum ponto essencial, visando sempre acomodar e nunca atritar.
Posição que não poderia ser assumida por Plínio, uma vez que sua campanha dizia o que precisava ser dito sem fazer qualquer concessão midiática, herdando uma pequena, mas qualitativa, parcela do voto dissidente.
Dotados de uma programática muito assemelhada, a campanha não poderia ser diferente no segundo turno. Superávit primário, alta remuneração dos juros, política de estabilização monetária, incentivo ao grande capital, tudo isso era consensual no dualismo eleitoral.
Se FHC criou o Plano Real, Lula o continuou. Se o tucanato sempre remunerou os capitais, Lula, tal qual um Bonaparte, incrementou-os, levando até o agronegócio aos céus e deixando a reforma agrária no purgatório. Suas diferenças estavam, no fundo, pautadas pela intensidade da privatização e pelo elitismo do assistencialismo.
Se o primeiro governo Lula causou inveja ao tucanato, pelo arrocho realizado (basta pensar na taxação dos aposentados e nas "parcerias público-privadas"), foi na disputa eleitoral para a reeleição, em 2006, que uma jogada de marketing no comando da campanha lulista descobriu que a população estava exaurida, cheia de privação decorrente da privatização.
E fez dessa máxima não só a pedra de toque da vitória da reeleição contra Alckmin como da virada de Dilma sobre Serra. O tucanato, associado até a alma ao privatismo, não imaginava que a população pudesse dar o troco que deu.
Isso sem falar no fato de que, se a Bolsa Família é exemplo do mais puro assistencialismo, no seu aspecto puramente quantitativo, ela fez os "programas sociais" de FHC assemelharem-se a esmola distribuída aos pobres ao final da missa.
E, ainda, se o salário mínimo de Lula é um acinte para país que quer ser economia avançada, comparado ao de FHC ele se infla e exacerba o vilipêndio que o tucanato fez com o salário dos trabalhadores.
Por fim, deve-se acrescentar, pela importância que teve na eleição, que, durante a crise financeira, Lula acelerou o peso do Estado como forte antídoto, criando no imaginário popular a falaciosa ideia de que seu governo foi mais intervencionista do que de fato o foi.
Mas quando, com calma, se puder melhor compreender o reinado de Lula, seu primeiro mandato não poderá ser colocado debaixo do tapete.
Para concluir, vale recordar que são mesmo curiosas as similitudes e diferenças entre FHC e Lula: aquele terminou em alta o primeiro mandato e borrou-se no segundo; com Lula, deu-se o exato inverso.
RICARDO ANTUNES é professor titular de sociologia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e autor de "A Desertificação Neoliberal no Brasil" (Autores Associados), dentre outros títulos.

E a barganha original venceu a ilusão virtual

E a barganha original venceu a ilusão virtual
JOSÉ NÊUMANNE – O ESTADO DE SÃO PAULO
João Santana, o Patinhas, letrista de Gereba e Capenga, do Grupo Bendegó, banda cujo nome celebra o meteorito caído no sertão da Bahia em 1784, virou "o" marqueteiro dos presidentes desde que comandou a propaganda dos triunfos eleitorais de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, de Maurício Furnes em El Salvador, em 2009, e agora de Dilma Rousseff. Pelo que revelou em entrevista exclusiva a Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, saiu da campanha de 2010 grato aos adversários em geral, e aos tucanos em particular, a cuja alienação atribuiu, em parte, o triunfo da candidata oficial. Terá ele razão?
Um pouco, sim. Mas talvez a tivesse mais ainda se se referisse especificamente à reeleição do presidente há quatro anos, e não ao pleito deste ano. Em 2006, o escândalo do "mensalão" levou o PSDB e o PFL à ilusão de que, fosse quem fosse, seu candidato venceria Lula, politicamente debilitado pela denúncia de Roberto Jefferson de ter comprado apoio parlamentar. O ex-prefeito de São Paulo José Serra e seu correligionário Geraldo Alckmin, à época no governo do Estado, se enfrentaram num cabo de guerra feroz para ver quem seria escolhido pelo partido para derrotar Lula. Consta que, quando foi sugerido ao chefão do então PFL, Antônio Carlos Magalhães. que propusesse o impedimento do presidente, ele desdenhou: "Que nada! Vamos deixar o porco sangrar até a eleição e torrá-lo nas urnas." Os tucanos omitiram-se ao não punir seu presidente nacional de então, Eduardo Azeredo, acusado de ser o "pai" do "mensalão" em Minas Gerais. E tiveram de se contentar, como ocorreu nos últimos pleitos, com o Palácio dos Bandeirantes, deixando o Planalto em comodato para o Lula de sempre e a "companheirada" de fé.
Em 2010, a história foi outra e, se Patinhas a conhece, não quis contá-la inteira. Desde que assumiu o segundo mandato, o presidente dedicou-se à tarefa de eleger o sucessor, já que preferiu esta hipótese ao desgaste a que poderia ficar exposto se tentasse emendar a Constituição para disputar ele próprio mais uma reeleição. O ex-dirigente metalúrgico teve paciência de relojoeiro e tino de mercador fenício na tessitura de seu projeto de permanência no poder.
Começou a construção pelo alicerce - do jeito que lhe ensinaram os mais velhos, entre eles um sábio adversário, Tancredo Neves. O dr. Tancredo dizia que ninguém chega à Presidência da República sem unir seu Estado. Lula radicalizou o ensinamento e resolveu unificar todos os grotões, conquistando a adesão das lideranças locais. Sim, é verdade que ele tornou o Bolsa-Família um formidável cabo eleitoral e também contou com o vento a favor de uma popularidade que atingiu os píncaros de 83% na época da eleição. Mas não ficou esperando que apenas isso alavancasse o soerguimento de seu "poste", que sempre foi pesado - e ele sabia. Dilma não é petista histórica, tem carisma zero e um talento de comunicadora inversamente proporcional ao do padrinho. Por isso ele costurou alianças indissolúveis com as lideranças municipais, deputados estaduais e federais, senadores e governadores. Mal a campanha começou, sua candidata já tinha a vitória assegurada.
Pode-se dizer que para tanto ele vendeu a alma (dela) ao diabo. Compôs com o que há de pior em nossa rasteira politicagem regional, aliou-se a inimigos figadais do PT ideológico de antanho e não descuidou de nenhum detalhe. A avalanche de milhões de votos registrados nas urnas eletrônicas do sertão nordestino resultou de um trabalho que incluiu a cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de dois governadores oposicionistas - Cássio Cunha Lima (PSDB), da Paraíba, e Jackson Lago (PDT), do Maranhão. Quem festejou com isso a restauração da moralidade no pleito se esqueceu de que Marcelo Déda (PT), de Sergipe, escapou de processo similar e se reelegeu no primeiro turno. Restou Teotônio Vilela (PSDB), em Alagoas, mas, como é notório, este Estado é feudo do governista Renan Calheiros (PMDB). E foi assim que não houve palanques no Nordeste para a oposição e a candidata governista nem teve de se expor às intempéries da soleira sertaneja, porque os aliados a representaram à altura. Na Paraíba, por exemplo, os dois candidatos com chances, Ricardo Coutinho (PSB), o vencedor, e José Maranhão (PMDB), o governador, fizeram a campanha por ela.
Assim como em 2006 Alckmin imaginou que anularia a máquina pública com o decrépito discurso moralista da UDN, Serra, em 2010, enredou-se nas próprias fantasias vãs. O Patinhas baiano descreveu, na entrevista citada acima, como a oposição imaginou que a candidata governista, inexperiente e tatibitate, afundaria nos debates. Na campanha real, os debates tornaram-se inúteis pelo esvaziamento do interesse neles, provocado pelos próprios marqueteiros dos candidatos, que os cercam de proibições esterilizantes. Mas, ainda que valessem, qual teria sido mesmo o debate em que Serra esmagou Dilma sob sua "poderosa" argumentação?
Lula nunca teve escrúpulos muito em conta e na campanha recente os enfiou numa gaveta fora do alcance de quem quer que fosse. Desrespeitou a mesma Justiça Eleitoral que asfaltou as veredas de sua candidata nos grotões, fazendo pouco da lei e zombando de eventuais e esquálidas punições. Desprezou os princípios do Estado Democrático de Direito relativos ao bom proveito do rodízio no poder ou ainda à igualdade de oportunidades na disputa. Só que também o adversário-mor lhe deu uma boa mãozinha. Serra pretendia chegar à Presidência sem dever favores a ninguém, mostrando que não aprendeu com seu fiasco anterior, as derrotas de Lula e o impedimento de Collor que é quase impossível vencer sozinho. E quem ganha não governa.
 A revelação dos podres da grande família de Erenice Guerra no palácio só adiou, não evitou a vitória de Lula-Dilma, conforme Patinhas, leitor de pesquisas. Prevaleceu a barganha original sobre o escândalo ocasional.

Tulipa Ruiz - Efêmera

Gansos de neve, Novo México

Fotografia por Hopkins Ralph Lee, da National Geographic

CPMF, ENEM e “controle social da mídia”: em três tempos, o jeito petista de governar

CPMF, ENEM e “controle social da mídia”: em três tempos, o jeito petista de governar
Bolivar Lamounier - BLOG DE BOLIVAR
O governo federal e os governos estaduais interessados parecem dispostos a promover a ressurreição da CPMF dentro do mais fajuto jeitinho brasileiro que se possa conceber. Um diz que o outro quer, o outro diz que o um é que quer, e uma hora dessas ela ressuscita.
Não tendo sequer a unanimidade da categoria, os governadores interessados obviamente preferem que a presidente eleita assuma a parte principal do ônus.
Ela, embora tenha reiteradamente prometido não criar novos impostos, não vai se fazer de rogada . Cortar gastos ela só vai quando estiver com o pescoço na forca. E afinal, se a idéia é tributar mais, onde é que se vai encontrar pretexto melhor que o financiamento da saúde ?
Sobre o ENEM, é difícil acrescentar algo ao que a imprensa vem publicando desde sábado.
Reconhecendo (e como poderia não reconhecer ?) a trapalhada, o ministro da Educação propôs reaplicar o exame só aos estudantes diretamente prejudicados. A Justiça Federal entendeu que o estrago é maior e que a única solução aceitável é fazer tudo de novo. O ministro disse que vai recorrer.
Qualquer que seja o caminho finalmente adotado, fato é que nem burocratas subrepticiamente empenhados em desmoralizar o exame fariam melhor. O que estamos assistindo – pela segunda vez - é uma cena explícita de incompetência. E não me digam que vale a pena ver de novo.
Por último, o famigerado “controle social da mídia”. Com a sutileza que o caracteriza, o ministro Franklin Martins declarou que o controle vai sair por bem ou por mal . As empresas jornalísticas que se cuidem. Vão dar com os burros n’água se tentarem se opor ao projeto que o governo atual deverá legar a Dilma Rousseff.
Isso aí é o que o czar da comunicação declarou no início de um seminário que inventou para dar ares cosmopolitas a um conjunto de sugestões elaborado em 2009 por partidos de esquerda, Ongs e “movimentos sociais”, todos eles muito devotados às liberdades de imprensa e de expressão, como se pode imaginar.
Assumindo a presidência em janeiro e contando com a maioria na Câmara e no Senado a partir de fevereiro, Dilma Rousseff estará em tese capacitada a arrancar virtualmente o que quiser do Congresso.
Portanto, se logo de saída a presidente quiser mandar um sinal negativo à imprensa, no Brasil e no exterior, poderá fazê-lo com um gesto dos mais singelos. Bastará manter no cargo o ministro sob cuja mesa a serpente vem chocando o mencionado ovo.

Skoob

BBC Brasil Atualidades

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